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Professora da Unicamp explica como prevenir e tratar doenças que podem levar à cegueira infantil

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A professora titular de Oftalmologia da Faculdade de Ciências Médicas da Universidade Estadual de Campinas (FCM/UNICAMP), Keila Monteiro de Carvalho, alerta para importância do “teste do olhinho”, nome popular do teste do reflexo vermelho, que deve ser realizado logo após o nascimento. A detecção precoce de patologias visuais, como a catarata infantil, também é essencial para evitar o comprometimento ou até mesmo a perda da visão no futuro.

Taíssa Stivanin, da RFI

"Nas primeiras horas de vida do bebê, o pediatra pega um oftalmoscópio e ilumina seus olhos para ver se tem um reflexo vermelho. Se a luz não está entrando e saindo, a pupila fica esbranquiçada", diz a especialista. "Os dois olhos também têm que ser simétricos e um não pode ser mais vermelho do que o outro”, especifica.

O teste do reflexo vermelho, explica, deve ser mencionado na caderneta do recém-nascido e repetido pelo menos três vezes, até os dois anos de idade, pelo pediatra. Em caso de dúvida, a criança deve ser examinada por um oftalmologista. “Neste caso, será obrigatório dilatar a pupila e verificar a necessidade do uso de óculos".

O exame para checar a acuidade visual não depende da adesão da criança e permite obter resultados objetivos, explica Keila Monteiro de Carvalho. A oftalmologista utiliza em seu consultório um auto refrator manual e realiza o exame do fundo do olho, para verificar outras alterações.

O teste de visão pode ser feito a partir de três meses, já que antes dessa idade a criança ainda não enxerga direito. “Neste caso, fazemos um exame chamado olhar preferencial. Temos um cartão com riscos de um lado e cinza do outro. O bebê olha para esses risquinhos, que vão diminuindo. Mostramos um após o outro. Quando a criança para de olhar, é porque não enxergou e está confundindo com o fundo”, explica.

A Sociedade Brasileira de Oftalmologia pediátrica recomenda que as crianças, em geral, realizem o primeiro exame por volta dos seis meses de idade, o segundo por volta dos dois ou três anos e o terceiro durante a fase escolar. "O exame oftalmológico completo engloba o teste da visão, de verificação do grau dos óculos e do fundo de olho, além de um eventual estrabismo", reitera a oftalmologista brasileira.

Catarata infantil e outras patologias

Algumas doenças pediátricas que afetam a vista podem ser de origem congênita, como a catarata infantil. "A maior parte das cataratas é genética. Existem vários tipos, incluindo as dominantes e recessivas. Algumas estão associadas às infecções congênitas, como o Zika ou a Toxoplasmose".

A doença é caracterizada pela pupila branca, que faz com que o olho afetado não detecte a luz. Na criança, a catarata será operada apenas se estiver atrapalhando a visão. “Se a pupila estiver branca e a catarata for total, a luz não entra, e a operação é necessária. Tem que ser uma cirurgia bastante precoce. Mas se a catarata for menor e não estiver no eixo visual, mas localizada mais no canto, e a criança estiver enxergando, ela não é operada tão cedo”.

Segundo a médica, uma das complicações que envolve a cirurgia é o glaucoma, que pode levar à perda da visão. As de origem genética têm evolução mais lenta e as infecciosas podem piorar de maneira repentina.

Durante a operação, uma lente permanente é colocada no olho afetado, mas deverá ser trocada em função do crescimento da criança. Os óculos são uma alternativa, mas devem ser espessos, o que gera incômodo e outros problemas. Durante a operação, a retirada da cápsula do cristalino é feita com laser, mas a substância branca deve ser aspirada manualmente.

Outras doenças oculares podem atingir as crianças, como a retinopatia da prematuridade. “A retinopatia da prematuridade aumentou muito no mundo todo, porque as crianças prematuras agora sobrevivem e ficaram mais tempo expostas ao oxigênio. A retina, imatura, que não se desenvolveu completamente, vai acarretando o problema”.

A deficiência visual cerebral, que pode ser decorrente de uma lesão neurológica e ter diferentes origens (infecciosa, genética ou hereditária) também é uma das causas de cegueira infantil.

“Na verdade, não é o olho que enxerga, é o cérebro. O olho é só o órgão de captação periférica. Ela capta a luz, faz a sinapse na retina e vai para o nervo ótico, e em seguida para o cérebro, que devolve o comando para os olhos, que se mexem na direção que desejam”.

Durante esse trajeto, se a criança tem atrofia ótica ou alterações cerebrais, a vista pode ser prejudicada, já que o controle dos movimentos oculares é alterado. Segundo a médica, a estimulação global pode melhorar a condição, que precisa de uma abordagem multidisciplinar. Ela lembra que a prevalência da cegueira infantil também varia em função dos países.

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Taíssa Stivanin, da RFI

"Nas primeiras horas de vida do bebê, o pediatra pega um oftalmoscópio e ilumina seus olhos para ver se tem um reflexo vermelho. Se a luz não está entrando e saindo, a pupila fica esbranquiçada", diz a especialista. "Os dois olhos também têm que ser simétricos e um não pode ser mais vermelho do que o outro”, especifica.

O teste do reflexo vermelho, explica, deve ser mencionado na caderneta do recém-nascido e repetido pelo menos três vezes, até os dois anos de idade, pelo pediatra. Em caso de dúvida, a criança deve ser examinada por um oftalmologista. “Neste caso, será obrigatório dilatar a pupila e verificar a necessidade do uso de óculos".

O exame para checar a acuidade visual não depende da adesão da criança e permite obter resultados objetivos, explica Keila Monteiro de Carvalho. A oftalmologista utiliza em seu consultório um auto refrator manual e realiza o exame do fundo do olho, para verificar outras alterações.

O teste de visão pode ser feito a partir de três meses, já que antes dessa idade a criança ainda não enxerga direito. “Neste caso, fazemos um exame chamado olhar preferencial. Temos um cartão com riscos de um lado e cinza do outro. O bebê olha para esses risquinhos, que vão diminuindo. Mostramos um após o outro. Quando a criança para de olhar, é porque não enxergou e está confundindo com o fundo”, explica.

A Sociedade Brasileira de Oftalmologia pediátrica recomenda que as crianças, em geral, realizem o primeiro exame por volta dos seis meses de idade, o segundo por volta dos dois ou três anos e o terceiro durante a fase escolar. "O exame oftalmológico completo engloba o teste da visão, de verificação do grau dos óculos e do fundo de olho, além de um eventual estrabismo", reitera a oftalmologista brasileira.

Catarata infantil e outras patologias

Algumas doenças pediátricas que afetam a vista podem ser de origem congênita, como a catarata infantil. "A maior parte das cataratas é genética. Existem vários tipos, incluindo as dominantes e recessivas. Algumas estão associadas às infecções congênitas, como o Zika ou a Toxoplasmose".

A doença é caracterizada pela pupila branca, que faz com que o olho afetado não detecte a luz. Na criança, a catarata será operada apenas se estiver atrapalhando a visão. “Se a pupila estiver branca e a catarata for total, a luz não entra, e a operação é necessária. Tem que ser uma cirurgia bastante precoce. Mas se a catarata for menor e não estiver no eixo visual, mas localizada mais no canto, e a criança estiver enxergando, ela não é operada tão cedo”.

Segundo a médica, uma das complicações que envolve a cirurgia é o glaucoma, que pode levar à perda da visão. As de origem genética têm evolução mais lenta e as infecciosas podem piorar de maneira repentina.

Durante a operação, uma lente permanente é colocada no olho afetado, mas deverá ser trocada em função do crescimento da criança. Os óculos são uma alternativa, mas devem ser espessos, o que gera incômodo e outros problemas. Durante a operação, a retirada da cápsula do cristalino é feita com laser, mas a substância branca deve ser aspirada manualmente.

Outras doenças oculares podem atingir as crianças, como a retinopatia da prematuridade. “A retinopatia da prematuridade aumentou muito no mundo todo, porque as crianças prematuras agora sobrevivem e ficaram mais tempo expostas ao oxigênio. A retina, imatura, que não se desenvolveu completamente, vai acarretando o problema”.

A deficiência visual cerebral, que pode ser decorrente de uma lesão neurológica e ter diferentes origens (infecciosa, genética ou hereditária) também é uma das causas de cegueira infantil.

“Na verdade, não é o olho que enxerga, é o cérebro. O olho é só o órgão de captação periférica. Ela capta a luz, faz a sinapse na retina e vai para o nervo ótico, e em seguida para o cérebro, que devolve o comando para os olhos, que se mexem na direção que desejam”.

Durante esse trajeto, se a criança tem atrofia ótica ou alterações cerebrais, a vista pode ser prejudicada, já que o controle dos movimentos oculares é alterado. Segundo a médica, a estimulação global pode melhorar a condição, que precisa de uma abordagem multidisciplinar. Ela lembra que a prevalência da cegueira infantil também varia em função dos países.

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