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Paris 2024 é Olimpíada mais paritária, mas não vence desigualdade entre homens e mulheres no esporte

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A Olimpíada de Paris conseguiu ser a mais paritária da história e deu mais visibilidade ao esporte feminino, mas também mostrou que ainda existem desafios para alcançar a igualdade no esporte entre homens e mulheres.

Quando conquistou a medalha de ouro no solo da ginástica olímpica, na segunda-feira (5), em Paris, Rebeca Andrade, resumiu a luta das mulheres para subir aos pódios, em um meio que nunca as favoreceu.

"A gente sabe como é difícil para a mulher para estar no esporte, para a mulher aparecer, para a mulher fazer e acontecer, enfim, estávamos representando todas as mulheres e mostrando que é sim possível, que a gente é capaz", disse a ginasta que se transformou, nesse dia, na atleta brasileira com mais medalhas olímpicas conquistadas.

Paris 2024 tinha a ambição de ser a primeira Olimpíada totalmente paritária da história, com presença e número de medalhas iguais para homens e mulheres.

Mas apesar dos esforços, não se pode dizer que esse objetivo foi totalmente cumprido, como explica Éric Monnin, vice-presidente da Universidade de Franche-Comté e diretor do Centro de Estudos e Pesquisas Olímpicas Universitárias (CEROU).

"Na verdade, essa paridade não é real. Na luta, não há paridade. Há apenas 12 provas masculinas contra 6 femininas. Então a paridade não é completa. É um pouco um abuso de linguagem dizer que a paridade é total", diz.

"Ela é uma realidade na globalidade dos jogos, mas temos que relativizar porque, ainda que tenhamos o mesmo número de homens e mulheres, esta equidade não está em todos os esportes. É necessário precisar", insiste.

De acordo com números de Paris 2024, o objetivo de distribuição "50% a 50%" entre os dois sexos não foi alcançada, já que as mulheres representaram apenas 49,14% dos atletas qualificados, com 192 homens a mais.

Evolução importante

Mas para entender como o sistema olímpico evoluiu sobre a questão, é necessário voltar no tempo. Em 1900, quando Paris realizou uma olimpíada pela primeira vez, apenas 22 mulheres participaram entre os 975 atletas selecionados, o que representava apenas 2% dos esportistas. Já em 2024 elas são 5.250.

Além disso, 100 anos atrás, as mulheres participaram apenas de provas consideradas "compatíveis com sua feminilidade". Pierre de Coubertin, barão francês responsável pela criação dos Jogos Olímpicos da era moderna, chegou a dizer, na época, que "a mulher era, antes de tudo, uma reprodutora destinada a coroar os vencedores".

Atualmente, a paridade faz parte do estatuto olímpico, que prevê a não discriminação e a igualdade entre homens e mulheres.

Para garantir que esse objetivo seja cumprido, provas mistas foram propostas como uma solução, obrigando as delegações a colocar o mesmo número de mulheres e homens nas competições.

Entre as modalidades estão o judô por equipes, que passou a ser misto em Tóquio 2020. Este ano foi a vez da marcha atlética masculina de 50 km ser substituída pelo revezamento misto.

"Acho que isso vai dar mais visibilidade (para o esporte feminino). Mas vamos ir ainda mais longe. Hoje existe uma verdadeira reflexão que ultrapassa a polarização homem/mulher. Eu acho que é necessário repensar o sistema em sua globalidade", diz o Eric Monnin.

"Temos que pensar a questão homem-mulher de uma maneira muito mais global, sobre que lugar dar ao atleta em sua globalidade. Sabemos que hoje falamos de ele, ela e elu, então, percebemos que existe uma mutação da sociedade que está acontecendo", acrescenta, otimista.

Paridade e igualdade

Mas paridade não é exatamente sinônimo de igualdade. Nas Olimpíadas pode ter sido uma maneira de dar visibilidade ao esporte feminino, mas a desigualdade de acesso aos esportes de competição em geral e às responsabilidades esportivas para as mulheres continuam.

Além disso, alguns casos como o da boxeadora argelina Imane Khelif, que foi alvo de especulações sobre sua identidade de gênero, mostram que o corpo das atletas ainda é o principal alvo dos comentários e não seus desempenhos. Como lembra a editora da revista de esporte feminino, Les Esportives, Claire Smagghe.

"O corpo das mulheres é sempre a questão, isso não é novo. Continua acontecendo e é muito problemático. Sempre resumimos as esportistas a seus corpos, a sua feminilidade", lamentou em entrevista à France 24.

Questões sobre os uniformes das atletas também ainda são debate. A equipe de atletismo americana reclamou de maiôs muito cavados, enquanto as francesas quiseram ter o direito de usar roupas iguais aos dos homens na abertura de Paris 2024.

"O esporte é governado pelos homens e, ainda pior, são eles que dizem às mulheres como se vestir, enquanto são elas que têm responsabilidade sobre seus corpos. Elas devem poder escolher como se vestir. Esse é o primeiro ponto. E o segundo tem a ver com os enquadramentos. Acho que existem imagens e comentários que não são necessários. Elas são campeãs que treinam o ano todo. O essencial é o desempenho", lembra Smagghe.

Na Olimpíada de Tóquio 2020, o COI (Comitê Internacional Olímpico) atualizou suas diretrizes para tentar mudar ângulos que sexualizam o corpo das atletas nas transmissões televisivas. Recomendações que parecem óbvias, como tentar não focar na aparência, nas roupas e nas partes íntimas das esportistas, foram transmitidas aos profissionais da imagem que trabalham nas olimpíadas.

Arenas de debate

As olimpíadas servem também como uma maneira de colocar nas arenas de discussões as dificuldades das mulheres por trás do sonho olímpico.

A história da velocista brasileira Flávia Maria de Lima ficou conhecida até fora do Brasil. Em pleno processo de divórcio e de preparação para as olimpíadas, o marido da atleta utilizava na Justiça suas viagens internacionais para participar de competições como provas de "abandono materno" para obter a guarda da filha.

Flávia conseguiu sensibilizar milhões de internautas, atrizes e celebridades brasileiras e chegou a ser notícia na mídia francesa. O caso da esportista mostrou também que, para alcançar olimpíadas mais igualitárias, existem questões que vão muito além da paridade.

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Quando conquistou a medalha de ouro no solo da ginástica olímpica, na segunda-feira (5), em Paris, Rebeca Andrade, resumiu a luta das mulheres para subir aos pódios, em um meio que nunca as favoreceu.

"A gente sabe como é difícil para a mulher para estar no esporte, para a mulher aparecer, para a mulher fazer e acontecer, enfim, estávamos representando todas as mulheres e mostrando que é sim possível, que a gente é capaz", disse a ginasta que se transformou, nesse dia, na atleta brasileira com mais medalhas olímpicas conquistadas.

Paris 2024 tinha a ambição de ser a primeira Olimpíada totalmente paritária da história, com presença e número de medalhas iguais para homens e mulheres.

Mas apesar dos esforços, não se pode dizer que esse objetivo foi totalmente cumprido, como explica Éric Monnin, vice-presidente da Universidade de Franche-Comté e diretor do Centro de Estudos e Pesquisas Olímpicas Universitárias (CEROU).

"Na verdade, essa paridade não é real. Na luta, não há paridade. Há apenas 12 provas masculinas contra 6 femininas. Então a paridade não é completa. É um pouco um abuso de linguagem dizer que a paridade é total", diz.

"Ela é uma realidade na globalidade dos jogos, mas temos que relativizar porque, ainda que tenhamos o mesmo número de homens e mulheres, esta equidade não está em todos os esportes. É necessário precisar", insiste.

De acordo com números de Paris 2024, o objetivo de distribuição "50% a 50%" entre os dois sexos não foi alcançada, já que as mulheres representaram apenas 49,14% dos atletas qualificados, com 192 homens a mais.

Evolução importante

Mas para entender como o sistema olímpico evoluiu sobre a questão, é necessário voltar no tempo. Em 1900, quando Paris realizou uma olimpíada pela primeira vez, apenas 22 mulheres participaram entre os 975 atletas selecionados, o que representava apenas 2% dos esportistas. Já em 2024 elas são 5.250.

Além disso, 100 anos atrás, as mulheres participaram apenas de provas consideradas "compatíveis com sua feminilidade". Pierre de Coubertin, barão francês responsável pela criação dos Jogos Olímpicos da era moderna, chegou a dizer, na época, que "a mulher era, antes de tudo, uma reprodutora destinada a coroar os vencedores".

Atualmente, a paridade faz parte do estatuto olímpico, que prevê a não discriminação e a igualdade entre homens e mulheres.

Para garantir que esse objetivo seja cumprido, provas mistas foram propostas como uma solução, obrigando as delegações a colocar o mesmo número de mulheres e homens nas competições.

Entre as modalidades estão o judô por equipes, que passou a ser misto em Tóquio 2020. Este ano foi a vez da marcha atlética masculina de 50 km ser substituída pelo revezamento misto.

"Acho que isso vai dar mais visibilidade (para o esporte feminino). Mas vamos ir ainda mais longe. Hoje existe uma verdadeira reflexão que ultrapassa a polarização homem/mulher. Eu acho que é necessário repensar o sistema em sua globalidade", diz o Eric Monnin.

"Temos que pensar a questão homem-mulher de uma maneira muito mais global, sobre que lugar dar ao atleta em sua globalidade. Sabemos que hoje falamos de ele, ela e elu, então, percebemos que existe uma mutação da sociedade que está acontecendo", acrescenta, otimista.

Paridade e igualdade

Mas paridade não é exatamente sinônimo de igualdade. Nas Olimpíadas pode ter sido uma maneira de dar visibilidade ao esporte feminino, mas a desigualdade de acesso aos esportes de competição em geral e às responsabilidades esportivas para as mulheres continuam.

Além disso, alguns casos como o da boxeadora argelina Imane Khelif, que foi alvo de especulações sobre sua identidade de gênero, mostram que o corpo das atletas ainda é o principal alvo dos comentários e não seus desempenhos. Como lembra a editora da revista de esporte feminino, Les Esportives, Claire Smagghe.

"O corpo das mulheres é sempre a questão, isso não é novo. Continua acontecendo e é muito problemático. Sempre resumimos as esportistas a seus corpos, a sua feminilidade", lamentou em entrevista à France 24.

Questões sobre os uniformes das atletas também ainda são debate. A equipe de atletismo americana reclamou de maiôs muito cavados, enquanto as francesas quiseram ter o direito de usar roupas iguais aos dos homens na abertura de Paris 2024.

"O esporte é governado pelos homens e, ainda pior, são eles que dizem às mulheres como se vestir, enquanto são elas que têm responsabilidade sobre seus corpos. Elas devem poder escolher como se vestir. Esse é o primeiro ponto. E o segundo tem a ver com os enquadramentos. Acho que existem imagens e comentários que não são necessários. Elas são campeãs que treinam o ano todo. O essencial é o desempenho", lembra Smagghe.

Na Olimpíada de Tóquio 2020, o COI (Comitê Internacional Olímpico) atualizou suas diretrizes para tentar mudar ângulos que sexualizam o corpo das atletas nas transmissões televisivas. Recomendações que parecem óbvias, como tentar não focar na aparência, nas roupas e nas partes íntimas das esportistas, foram transmitidas aos profissionais da imagem que trabalham nas olimpíadas.

Arenas de debate

As olimpíadas servem também como uma maneira de colocar nas arenas de discussões as dificuldades das mulheres por trás do sonho olímpico.

A história da velocista brasileira Flávia Maria de Lima ficou conhecida até fora do Brasil. Em pleno processo de divórcio e de preparação para as olimpíadas, o marido da atleta utilizava na Justiça suas viagens internacionais para participar de competições como provas de "abandono materno" para obter a guarda da filha.

Flávia conseguiu sensibilizar milhões de internautas, atrizes e celebridades brasileiras e chegou a ser notícia na mídia francesa. O caso da esportista mostrou também que, para alcançar olimpíadas mais igualitárias, existem questões que vão muito além da paridade.

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