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Quadrinista Lelis revisita secas históricas no Ceará e lança álbum "Réparations" na França

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O mineiro Marcelo Lelis, ilustrador, quadrinista e escritor de livros infanto-juvenis, está lançando na França o álbum “Réparations”, pela editora Les Rêveurs. O título em francês pode ser traduzido para “Reparações” ou “Consertos”.

A história começa com uma menina que chora porque sua caixa de música, em formato de coração, está quebrada e não abre mais. Isso a deixa inconsolável, ainda mais por ter sido um presente do avô já falecido. Sem a música da caixinha, Alice não consegue dormir.

Esse prelúdio leva a outros passados, a outras vidas. É uma deixa para o autor revisitar as secas históricas no Ceará em 1877, 1915 e 1932. “Inclusive a Rachel de Queiroz contou isso no livro 'O Quinze', que é sobre os campos de confinamento que aconteceram naquela época em que os flagelados chegavam a Fortaleza e o governo construiu campos de confinamento para essas pessoas ficarem nesses campos onde morriam de doença, de fome”, conta Lelis.

“Acho que é um resgate histórico importante, porque foi uma época muito triste, mas ao mesmo tempo muito rica, pois muita gente que saiu desses confinamentos conseguiu sobreviver e foi para a região sudeste, trazendo uma cultura diferente, formando famílias. Uma cultura que me formou. Todo esse povo do norte de Minas, provavelmente muita gente veio dali”, acrescenta. No livro de Lelis, o portador dessa herança é o avô da pequena Alice. A música da caixinha em questão é a melodia do acalanto que o avô ouvia cantado pela própria mãe, que morreu de fome.

Aquarela

Outra característica de “Réparations” é que ele é todo feito em aquarela, uma técnica caprichosa que não permite erros. Lelis trabalha também com o suporte digital, mas a preferência ainda é pela aquarela. “É uma técnica que se parece com a vida da gente, com misturas de cores, de outras pessoas; a gente erra o tempo todo e tenta consertar o tempo todo”.

O desenho sempre acompanhou Lelis, desde a infância. Ele trabalhou com charges e ilustrações em jornais de Minas e São Paulo, ao mesmo tempo que experimentava outras técnicas e materiais. Com muitos prêmios e exposições na carreira, o quadrinista também escreve e ilustra livros infanto-juvenis.

A ligação com a França começou em 2002, quando foi convidado para participar do Festival de Angoûleme na exposição “Traços Contemporâneos”, que destacava as novas tendências nos quadrinhos. Desde então ele já ilustrou vários álbuns franceses e “Réparations” é o seu segundo livro autoral, depois de “En Fuite”, também pela editora Les Rêveurs.

Para Lelis, publicar na França traz algumas vantagens para o artista, pois o mercado é mais aquecido que no Brasil, com uma crítica especializada mais numerosa. “No Brasil existe isso, mas claro que o mercado é menor, então ele tem uma repercussão menor”, reflete. Ele elogia a qualidade de impressão, o que provavelmente tornaria o preço proibitivo no cenário brasileiro.

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A história começa com uma menina que chora porque sua caixa de música, em formato de coração, está quebrada e não abre mais. Isso a deixa inconsolável, ainda mais por ter sido um presente do avô já falecido. Sem a música da caixinha, Alice não consegue dormir.

Esse prelúdio leva a outros passados, a outras vidas. É uma deixa para o autor revisitar as secas históricas no Ceará em 1877, 1915 e 1932. “Inclusive a Rachel de Queiroz contou isso no livro 'O Quinze', que é sobre os campos de confinamento que aconteceram naquela época em que os flagelados chegavam a Fortaleza e o governo construiu campos de confinamento para essas pessoas ficarem nesses campos onde morriam de doença, de fome”, conta Lelis.

“Acho que é um resgate histórico importante, porque foi uma época muito triste, mas ao mesmo tempo muito rica, pois muita gente que saiu desses confinamentos conseguiu sobreviver e foi para a região sudeste, trazendo uma cultura diferente, formando famílias. Uma cultura que me formou. Todo esse povo do norte de Minas, provavelmente muita gente veio dali”, acrescenta. No livro de Lelis, o portador dessa herança é o avô da pequena Alice. A música da caixinha em questão é a melodia do acalanto que o avô ouvia cantado pela própria mãe, que morreu de fome.

Aquarela

Outra característica de “Réparations” é que ele é todo feito em aquarela, uma técnica caprichosa que não permite erros. Lelis trabalha também com o suporte digital, mas a preferência ainda é pela aquarela. “É uma técnica que se parece com a vida da gente, com misturas de cores, de outras pessoas; a gente erra o tempo todo e tenta consertar o tempo todo”.

O desenho sempre acompanhou Lelis, desde a infância. Ele trabalhou com charges e ilustrações em jornais de Minas e São Paulo, ao mesmo tempo que experimentava outras técnicas e materiais. Com muitos prêmios e exposições na carreira, o quadrinista também escreve e ilustra livros infanto-juvenis.

A ligação com a França começou em 2002, quando foi convidado para participar do Festival de Angoûleme na exposição “Traços Contemporâneos”, que destacava as novas tendências nos quadrinhos. Desde então ele já ilustrou vários álbuns franceses e “Réparations” é o seu segundo livro autoral, depois de “En Fuite”, também pela editora Les Rêveurs.

Para Lelis, publicar na França traz algumas vantagens para o artista, pois o mercado é mais aquecido que no Brasil, com uma crítica especializada mais numerosa. “No Brasil existe isso, mas claro que o mercado é menor, então ele tem uma repercussão menor”, reflete. Ele elogia a qualidade de impressão, o que provavelmente tornaria o preço proibitivo no cenário brasileiro.

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