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Love Is Blind UK: The Official Podcast


Sarel is back to delve into all the drama from this week's drop of Love is Blind UK. Javen opens up about his time in the pods and responds to claims on social media that he was playing a game…. Meanwhile, Katisha reveals what she thought of Javen after the mixer. Expect emotional confessions and awkward confrontations with reality royalty Liv Bentley and Sam Prince. Subscribe now and buckle up for the ultimate Love Is Blind UK experience! Listen to more from Netflix Podcasts.…
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Histórias reais, de gente como a gente, para você ouvir e se inspirar.
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Histórias de ter.a.pia

Sandra descobriu o câncer de mama em um momento em que já não havia mais como esconder os sinais. Mas, diferente do que muitos poderiam imaginar, ela não deixou que o diagnóstico apagasse quem ela é. Tudo começou com um caroço que não deram muita importância e somente após algumas consultas, veio o diagnóstico: câncer de mama avançado No cuidado paliativo, Sandra encontrou qualidade de vida para fazer o que gosta, amar quem ama e ser quem é. Desde 2013, entre cirurgias, quimioterapias e renascimentos, ela encontrou um jeito de ajudar outras pacientes que cruzam seu caminho e de continuar vivendo. E vivendo com intensidade! Ela mesma diz “quando a morte chegar, vai me encontrar viva”. A história de Sandra não é sobre desistir, mas sobre continuar. Ela nos lembra que existe vida após o diagnóstico e que falar sobre o câncer de mama é essencial para ampliar o acesso à informação. Em muitos casos, o tratamento adequado no momento certo pode fazer toda a diferença e, até mesmo, a cura. Converse, informe-se e cuide de quem você ama. Conheça mais sobre essa causa da Campanha #AVidaEuTragoNoPeito: www.lilly.com/br/avidaeutragonopeito #WeAreLilly PP-AL-BR-1660 – JULHO 2025 – Material destinado ao público geral…
“Eu descobri que meu pai era gay depois que eu me assumi gay.” Foi assim que Gabriel entendeu que sua história não era apenas sobre coragem individual, mas sobre como a verdade, quando finalmente aparece, pode transformar uma família inteira. Pai e filho se assumiram quase juntos, e o que poderia ter sido motivo de ruptura virou um laço ainda mais forte. Desde muito cedo, Gabriel sabia que era diferente. Cresceu em uma família católica, ouvindo que amar outro homem era pecado, que poderia levá-lo para o inferno. Aos 17 anos, começou a se relacionar com um garoto, sempre escondido, até que os comentários e as fofocas chegaram à sua mãe. O medo de contar a verdade foi maior do que a coragem naquele momento. Quando tentou conversar, sentiu o peso do julgamento nos comentários dela, e preferiu escrever uma carta para o pai e a avó: dizia que não ia mudar, porque aquela era a sua verdade. A reação da avó foi simples: “O importante é você comer, não importa a sua orientação”. Já o pai só foi descobrir pessoalmente, dentro do carro, enquanto levava o filho para encontrar o namorado. Pouco tempo depois, a vida deu uma reviravolta. Assim que Gabriel se assumiu, seus pais iniciaram o divórcio. Foi a mãe quem revelou: “Seu pai é igual a você. Ele também é gay.” A frustração dela, que vinha de anos de casamento de fachada, começou a se transformar em aceitação. Se o marido que viveu 20 anos ao seu lado era gay, como negar a verdade do próprio filho? A partir dali, os três puderam começar a viver de forma mais livre. O que poderia ter acabado em rompimento se transformou em um novo tipo de família. Separados, mas próximos. A mãe arrumou um namorado, que era amigo do pai. O pai, aos 50 anos, apresentou o namorado para a ex-esposa, para o filho e até para a sogra. Os Natais, os almoços e as conversas continuaram juntos, mas agora sem a fachada da mentira. Gabriel lembra com orgulho de quando percebeu que sua família, vista por tantos como “moderna demais”, na verdade, só estava sendo sincera. Sem o peso da religião, sem a obrigação da aparência, restou o que sempre deveria ter sido o centro: amor e respeito. O casamento acabou, mas a família não se desintegrou. Pelo contrário: ficou mais inteira do que antes. Pai e filho puderam sorrir livres, viver seus afetos sem medo, e descobrir que a verdade, mesmo que tardia, liberta. Compre o livro do ter.a.pia "A história do outro muda a gente" e se emocione com as histórias : https://amzn.to/3CGZkc5 Tenha acesso a histórias e conteúdos exclusivos do canal, seja um apoiador http://apoia.se/historiasdeterapia…
"Esse é meu pai. Ele é gay. Essa é minha mãe. Ela é hétero. Eles são amigos". É assim que Alyce costuma se apresentar quando alguém pergunta sobre sua história. Não é uma resposta que costuma vir sozinha. Ela geralmente vem acompanhada de um olhar curioso, confuso ou até chocado. Mas, pra Alyce, tudo sempre foi muito simples: ela nasceu de um desejo comum. E de um afeto verdadeiro. Os pais de Alyce se conheceram num churrasco na casa do tio dela, que também era gay, embora ninguém soubesse ainda. No meio dessa festa, nasceu uma amizade entre a mãe de Alyce e seu futuro pai. Uma amizade tão forte que fez com que ele passasse a frequentar a casa com frequência. O tempo foi passando, a amizade foi ficando mais sólida, e ele começou a brincar que queria ter um filho com ela. No começo, ela achava que era só piada. Até que, cinco anos depois, eles decidiram que sim: iriam tentar. Naturalmente, sem inseminação, sem processo médico. Com afeto, confiança e consentimento. Foram três tentativas até que desse certo. E quando a notícia da gravidez chegou, por meio de uma cólica que parecia ser renal, mas era só a Alyce dizendo "cheguei", ele ficou eufórico. Ligou pra todo mundo. Queria contar ao mundo que ia ser pai. Muitos achavam que por ele ser um homem gay, não seria presente. Pelo contrário: ele sempre esteve lá. Acordava de madrugada, se preocupava com os cuidados, foi presente em todas as fases. Foi acolhido pela família da mãe dela, morou com elas, e nunca escondeu quem era. Alyce cresceu ouvindo que seu pai era gay. Cresceu indo à Parada com ele no colo. Viu de perto o que era diversidade. Viveu, em casa, a experiência do respeito.…
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Histórias de ter.a.pia

Quando Rebeca conta que é mãe de três meninos com autismo, as pessoas reagem com pena. Mas ela aprendeu que não existe espaço pra coitadismo quando se escolhe ser feliz, e foi a cannabis medicinal que mudou tudo. O primeiro diagnóstico veio com o Gabriel. Ele não falava, não olhava nos olhos, batia a cabeça na parede. Não saía de casa, não comia, não dormia. A família inteira se fechou junto com ele. Rebeca tentou de tudo: terapias, remédios, esperança. Mas a cada nova medicação, o filho piorava. Até que, no desespero, encontrou um doador de óleo artesanal de cannabis. Três meses depois, Gabriel disse sua primeira palavra. Aos nove anos. O segundo filho, Rafael, veio carregado de projeção: ela sonhava que ele ajudaria o irmão. Mas os sinais se repetiram. Com o novo diagnóstico, veio um luto ainda mais pesado, e uma culpa que quase a destruiu. Rafael chegou a ter cirrose medicamentosa por conta de um tratamento. Naquele dia, Rebeca decidiu parar com todos os remédios. E iniciou o uso da cannabis também com ele. Aos poucos, ele floresceu. Miguel, o terceiro, nasceu prematuro e também teve atrasos. Hoje, com nove anos, ainda não é verbal. Mas Rebeca já não esperava só o diagnóstico, esperava alegria. E encontrou. Com o óleo, veio o sono, o apetite, os passeios, a vida. A cannabis virou aliada diária. Mesmo com todo o preconceito que enfrentou até dentro da própria família. A rotina, antes caótica, virou possível. Ela, que já pensou em desistir, hoje acampa com os filhos, vai a carnaval, encara a 25 de março com leveza. No meio do caminho, reencontrou o amor, se reergueu, teve mais um filho, o Arthur. E quando perguntam se ele também será autista, Rebeca responde sem hesitar: não importa. O que importa é que ele seja feliz.…
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Expulso de casa aos 13 anos por ser gay, Rodrigo encontrou uma família no Candomblé. Rodrigo nunca conheceu a mãe biológica. Foi criado pela avó paterna, a quem chamava de mãe. Foi ela quem tentou protegê-lo do pai alcoólatra e violento. No hospital, pouco antes de partir, ela avisou: “Você vai sofrer. Vai passar um inferno. Mas seja forte como sua mãe.” E foi. Um dia depois, Rodrigo virou peso morto pra família. “Quem é que quer ter um viado em casa?”, disseram. E ele foi embora, aos 13 anos, com uma mochila nas costas. Dormiu na rua, sentiu fome, apanhou, achou que ia morrer. Até que viu uma mulher fazendo uma oferenda para Iemanjá na beira da praia. Rodrigo não sabia o que era aquilo, mas imitou tudo o que a mulher fez: bateu palma, jogou flor sobre a cabeça, apagou as velas só pra acender de novo. E rezou. “Pelo amor de Deus, Nossa Senhora Iemanjá, eu não aguento mais. Só não me deixa morrer.” No mesmo dia, foi até um quiosque onde uma senhora o ajudava. Ela olhou pra ele e perguntou se ele sabia fazer faxina. Rodrigo abraçou aquela oportunidade na hora, ganhou dinheiro, tomou banho, comeu, dormiu numa cama pela primeira vez em meses. Essa conquista foi o primeiro milagre da sua vida depois dele pedir para Iemanjá. Ali ele voltou a ser gente. A faxina virou sua profissão ali nos quiosques da praia. Com o dinheiro, ele voltou para sua cidade natal e alugou um quartinho. Em frente tinha um terreiro de Candomblé, e foi ali que descobriu que aquele lugar era seu lugar. Hoje, já com uma história dentro da religião, ele construiu o próprio terreiro com o marido, Felipe. E foi Iemanjá de novo quem enviou mais um milagre: a filha adotiva do casal, Maria Padilha. E se no passado Rodrigo não tinha nada, nem família, nem um teto, nem perspectiva de futuro, hoje ele tem tudo. Compre o livro do ter.a.pia "A história do outro muda a gente" e se emocione com as histórias : https://amzn.to/3CGZkc5 Tenha acesso a histórias e conteúdos exclusivos do canal, seja um apoiador http://apoia.se/historiasdeterapia…
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Histórias de ter.a.pia

A irmã da Jéssica tirou a própria vida por conta do vício no jogo do tigrinho. Angela era mãe de três filhos, e acabou se afundando em dívidas, vergonha e desespero, até não encontrar mais saída. A Jéssica só soube da dimensão da tragédia depois do enterro, ao ouvir os áudios e ler as mensagens deixados no celular: eram mais de 50 páginas de depósitos, empréstimos feitos no nome de outras pessoas, dívidas que passaram de 600 mil reais. A dor maior veio quando o sobrinho de 7 anos foi visto no cemitério, deitado sobre o túmulo da mãe, levando bolacha e água. Disse que ela devia estar com fome, já que não voltava mais pra casa. Fazia 15 dias que Angela tinha partido tragicamente. Essa imagem fez Jéssica entender que o julgamento não cabia mais. Não era fraqueza, era vício. Então, ela decidiu transformar a dor da perda da irmã em acolhimento a outras pessoas que passam pelo mesmo. Hoje a Jéssica coordena 21 grupos com quase 10 mil membros, todos com histórias parecidas: vergonha, dívidas, recaídas. Muitos não pedem ajuda nem para pessoas próximas por medo de serem julgados. E Jéssica deixa o alerta: talvez alguém da sua casa esteja jogando e se calando por medo da sua reação. A Jéssica acompanhou de perto a CPI das Bets no Congresso e se frustrou, como grande parte da sociedade. Todo mundo esperava ao menos a regulamentação da publicidade das BETs, que são o principal gatilho das recaídas. Em vez disso, viu parlamentares fazerem selfies e ignorarem os relatos de histórias como a sua. Pra Jéssica, as Bets são uma pandemia digital que só vai piorar. Hoje, sem a irmã, sem a empresa porque largou tudo para resolver a vida da família no Ceará, vivendo numa casa precária, Jéssica diz que pelo menos encontrou um propósito. A cada família que acolhe, sente que salva uma nova Ângela. E faz, pelos outros, o que não conseguiu fazer por sua própria irmã.…
Duda e Felipe se conheceram na Baladown, uma festa feita especialmente para pessoas com Síndrome de Down. O lugar, criado para ser um espaço de diversão, socialização e acolhimento, acabou virando cenário de algo que nenhum dos dois esperava: o início de um namoro e, quem sabe, de uma vida juntos. Duda chegou na balada curiosa, animada, querendo se enturmar. Logo de cara, se encantou por Felipe. Foi ela quem tomou a iniciativa e puxou conversa. Ele respondeu do jeito dele, meio tímido, meio direto. Quando ela menos esperava, Felipe pediu à própria mãe permissão para beijá-la. Depois, pediu autorização à mãe de Duda. E quando tudo foi aprovado, veio o selinho e o namoro começou ali mesmo. Desde então, eles não se desgrudam. Os dois estão juntos há um ano de relacionamento, cheio de carinho, áudios de saudade trocados o tempo todo e muitos planos para o futuro. Felipe é fã da Xuxa, Duda prefere doramas e o Mc Gui. Ela chama o namorado de “morzão”. Eles sonham com uma vida juntos, com casa, casamento, três filhas: Bruna, Duda e Cecília, e dias ensolarados à beira-mar, no Rio de Janeiro. Nas conversas, os dois se divertem imaginando como será dividir as tarefas da casa, dar banho nas filhas, lavar a louça, ou deixar tudo para a sogra resolver rs. Duda e Felipe falam de futuro como quem tem certeza do presente. E talvez seja isso que emocione tanto: não é sobre idealizar o amor, mas sobre viver ele com tudo que existe, da convivência ao cuidado, e ao companheirismo. Felipe diz que o amor é isso: carinho e parceria. Duda completa dizendo que, além de namorado, ele é seu melhor amigo. Os dois fazem planos, cantam juntos “Lua de Cristal” e assistem “Tapas & Beijos” pensando que a vida pode, sim, ser feita de um pouco dos dois: dos tapas da realidade e dos beijos da leveza.…
O Alzheimer fez a Cláudia se aproximar da mãe, com ela tinha uma relação muito complexa. Cláudia passou 63 anos sob o mesmo teto que a mãe, unidas quase só pela rotina. A infância foi dura: a mãe, criada num quintal onde havia até uma “cela” de castigo, reproduziu a rigidez que aprendera. Quando o irmão preferido morreu, aos 14 anos, Cláudia carregou a sensação de ser a filha “errada”. Mesmo adulta, não saiu de casa: o cuidado permaneceu, mas o afeto nunca chegou por parte da sua mãe. Já com a mãe idosa e uma relação distante, vieram os pequenos esquecimentos: despedidas repetidas, panelas queimadas, noites em claro. Quando foram procurar um médico, o diagnóstico de Alzheimer fez Cláudia perguntar se a mãe acabaria esquecendo dela. Ali nasceu a urgência de reconstruir um vínculo que nunca existiu. A doença levou a mãe de volta a um tempo em que procurava a “Cláudia criança”. Para acalmá-la, a filha aprendeu a linguagem do toque e da música: mãos no rosto, olhos nos olhos, canções antigas. Foi nesse espaço que, pela primeira vez, Cláudia ouviu “eu te amo” de quem nunca soube demonstrar amor. Secar louça dançando virou um ritual para as duas, e esses momentos foram parar na internet, no canal “O Bom do Alzheimer”, porque foi a partir da doença que veio a leveza entre elas. Hoje, aos 90, a mãe fala pouco e depende de tudo. Os banhos antes cheios de gritos agora acontecem em silêncio, não por compreensão, mas pela progressão do Alzheimer. Cláudia encara cada dia como um ensaio para a despedida lenta, sem perder a ternura que finalmente brotou daquela relação entre mãe e filha. Nas palestras e no livro que escreveu, ela repete o alerta: mudanças bruscas de comportamento não são “coisa da idade”. O Brasil esta envelhecendo, e reconhecer cedo sinais como esquecimento constante faz diferença. Foi assim que Cláudia transformou um diagnóstico em oportunidade de amor, mesmo que tardio. Aproveitando, o Alzheimer não trouxe nenhum castigo divino; mas trouxe a chance de, antes do esquecimento completo, lembrar que ainda era possível dizer: mãe, eu estou aqui. O livro da Cláudia "O Bom do Alzheimer" você compra aqui: https://amzn.to/3G9scPg Foto da capa: Estadão…
Há 68 anos casados, Ditinha e Valter vivem um amor simples e bonito: “Amamos como se fosse ontem que nos conhecemos.” Tem gente que diz que amor de verdade resiste a tudo: ao tempo, às dificuldades, às perdas, às fases boas e às nem tão boas assim. Se isso é verdade, então o que Ditinha e Valter viveram e ainda vivem merece ser contado. Foi no Rio de Janeiro que tudo começou. Ditinha tinha ido ajudar uma tia a cuidar de um primo pequeno. Um dia, brincava de roda com outras meninas quando viu Valter passando. E ele... parou para olhar. As amigas logo começaram a rir e dizer que estavam namorando. Mas o que ficou mesmo foi a lembrança. Passou a semana pensando no tal moço que só tinha parado pra ver a brincadeira. E não é que ele voltou? Quando viu Valter de novo, Ditinha decidiu que seria diferente. Ele se desculpou, puxou conversa. Para ela, ele era um gato. E ali, entre conversas e olhares, veio o primeiro beijo, no portão de casa, com medo da tia ver. Não podia dar na vista. E foi tudo tão rápido quanto certo: seis meses depois, ficaram noivos. O casamento veio logo. Um ano depois, a primeira filha. Depois vieram mais três. Enquanto isso, a vida ia se ajeitando como dava. Moraram um tempo no Rio até que, com o desemprego de Valter, voltaram para Piquete, no interior de SP. Foi ali que Valter conseguiu um emprego numa fábrica de dinamite. Ele nunca teve medo, mas ela rezava e pedia proteção toda vez que ele saía pra trabalhar. A vida foi passando, os filhos crescendo e eles sempre juntos. Juntos em tudo: na escola de samba, nos bailes, nas rodas de amigos. Por 40 anos, foram foliões conhecidos no carnaval de Piquete. Ganharam até uma placa de prata e um samba enredo homenageando o amor dos dois pela escola de samba Império do Braz, de Piquete. Por onde passam, é assim: todo mundo conhece “o Valter da Ditinha” e a “Ditinha do Valter.” Hoje, depois de tanto tempo, falam da vida a dois com simplicidade e carinho. Nunca brigaram, nunca se ofenderam. Se algo está bem ou não, conversam. Nada de esconder. E se perguntam qual é o segredo para tanto tempo assim juntos, a resposta vem sem rodeios: amor. Amor é tudo. Sem amor você não vive. Amor de marido e mulher, amor nos filhos, amor na família, amor nos amigos. E convenhamos, de amor, esses dois entendem.…
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Histórias de ter.a.pia

"As pessoas te enterram vivo se você deixar." Foi assim que Patrícia resumiu o sentimento de conviver com um câncer agressivo e incurável. Mas antes mesmo de lidar com a própria doença, ela já conhecia bem o que era estar perto dessa realidade. Depois do diagnóstico de um câncer de pulmão, seu marido viveu exatamente seis meses e uma semana, tempo que Patrícia acompanhou com dor e cuidado. Ela jamais imaginou que, anos depois, estaria enfrentando um diagnóstico ainda mais difícil. Quando começou a sentir fortes dores e fez exames, recebeu a notícia de que tinha cinco tumores na mama direita. Era um câncer mais agressivo, em estágio quatro. No mesmo dia, ela chamou o então namorado para lhe contar a novidade, mas ele respondeu apenas: "Toma um calmante que amanhã a gente se fala." Mas Patrícia não aceitou ser reduzida ao papel de vítima. O câncer mudou muita coisa na vida dela, mas não a capacidade de sonhar e viver plenamente. E é assim que Patrícia enfrenta o tratamento paliativo. As pessoas confundem muito o tratamento paliativo com desistência, mas na realidade o cuidado paliativo é qualidade de vida. Cura hoje para a Patrícia não é deixar de morrer, porque aí ninguém seria curado. Cura é viver sem dor, é viver feliz, do jeito que ela está fazendo. Sobre a finitude da vida, Patrícia segue com bom humor. Fez seu testamento vital para garantir que suas vontades sejam respeitadas até o fim. E como ela imagina seu próprio velório? Se pudesse, ela faria uma festa com piano de cauda e tudo, mas como provavelmente não vai dar, botar uma Alexa tocando música já será o suficiente. Porque o que ela quer mesmo é que lembrem dela rindo, cheia de vida, exatamente como ela é agora. Patrícia segue com coragem, humor e uma incrível vontade de viver, insistindo em ser feliz. Porque, segundo ela mesma diz: "A morte é inevitável. Mas até lá, a vida é minha e eu faço dela o que eu quiser."…
H
Histórias de ter.a.pia

Se hoje pessoas LGBTQIA+ podem casar e construir legalmente uma família, saiba que isso tem nome e tem história: a de Toni e David. No final dos anos 80, Toni, um jovem assumidamente gay do interior do Paraná, decidiu mudar de ares. Foi pra Europa sem dominar outros idiomas, com coragem, fome de liberdade e o desejo de viver com dignidade. Ele não sabia, mas estava a poucos degraus de encontrar o amor da sua vida. Literalmente. Foi na estação de metrô mais profunda de Londres que ele cruzou o olhar com David, um inglês de terno, sobretudo e uma história escondida atrás de um casamento heterossexual. Bastou um sorriso, um "do you wanna be my husband forever?" e, a partir dali, eles nunca mais se desgrudaram. Mas viver esse amor não seria simples. David teve que romper com o passado, se entender, se assumir. E, mais tarde, se mudar pro Brasil, onde juntos começaram uma vida e uma luta. Primeiro pelo direito de David ficar no país. Depois, para transformar o amor deles em um vínculo legal. Os dois foram rejeitados e ridicularizados em cartórios. Tiveram o pedido de união estável negado. Mas também foram abraçados por uma rede de apoio que cresceu com eles: advogados, parlamentares, ativistas, jornalistas que queriam vê-los felizes. O caso deles explodiu na mídia e acabou sensibilizando a opinião pública. De perseguidos, viraram símbolo. A mobilização foi tanta que permitiu, anos depois, a entrada do casal com um pedido no Supremo Tribunal Federal. E foi assim, no dia 5 de maio de 2011, que eles ajudaram a fazer história: o reconhecimento da união homoafetiva como um direito constitucional. Não parou por aí. Eles também foram pioneiros na adoção por casais do mesmo sexo. Esperaram sete anos até conseguir, finalmente, o direito de serem pais juntos, com registro legal em nome dos dois. Hoje, Toni e David seguem juntos, há mais de 35 anos. E não só venceram pelo próprio amor, mas abriram as portas pra que milhares de pessoas pudessem sonhar, amar e existir com dignidade. No fundo, tudo começou com um espaguete e uma garrafa de vinho em uma sacola rasgada. Mas o que eles construíram foi muito maior: uma vida, uma família, e um legado. O Oxxo é o parceiro que está apresentando a história da Karine no podcast. O Oxxo também está sempre pertinho para salvar a gente no dia a dia. Saiba mais em http://instagram.com/oxxobrasil. #VemProOxxo Edição: Fábio de Azevedo (Nariz) Roteiro: Luigi Madormo…
H
Histórias de ter.a.pia

O pai da Laila era mais do que presente, era seu melhor amigo. Sempre sorrindo, ele fazia questão de incentivar os filhos a estudarem. Ainda assim, o pai da Laila carregava uma história dura. Era motivo de críticas numa casa onde estudar era visto como coisa de gente preguiçosa. O que importava era trabalhar. E mesmo assim, fazia de tudo para não deixar transparecer a dor. Era o homem das piadas, do bom humor, da esperança renovada a cada entrevista de emprego. Mas a verdade é que, muitas vezes, ele voltava pra casa frustrado. Porque quando o contratante descobria que o homem cheio de entusiasmo ao telefone era um homem preto, retinto, o emprego certo virava só uma entrevista. Ainda assim, ele nunca parava de tentar. A última conversa entre ele e a Laila foi de amor. “Eu te amo, filha.” “Eu te amo também, pai.” E ela foi dormir. No dia seguinte, chegando em casa depois da escola, Laila recebeu a notícia de que o pai tinha morrido por conta de um infarto. E ela acreditou. Ainda assim o luto foi avassalador. Nada mais fazia sentido. A escola perdeu o brilho. Até que a avó paterna disse: “Vai deixar a dor te destruir ou correr pelos sonhos do seu pai?” Foi esse o impulso que ela precisava pra tentar o vestibular. E conseguiu. Laila foi aprovada em Química na USP. Foi aí que o chão abriu de novo. Ao procurar o atestado de óbito do pai para a matrícula, ela encontrou um boletim de ocorrência em que o laudo indicava suicídio. A raiva veio primeiro. Como ele pôde? Mas com o tempo, muita leitura e terapia, veio também a compreensão. A Laila que estudava moléculas passou a estudar a sociedade. Leu Djamila Ribeiro, Lélia Gonzalez, Angela Davis. Foi entendendo que a depressão do pai era também sobre racismo. Laila entendeu que o pai não foi fraco. Ele foi forte por tempo demais. Hoje, ela é professora e guarda uma caixa de cartas de jovens que disseram ter desistido de tirar a própria vida depois de ouvi-la falar. A tragédia da Laila hoje impede que outras famílias vivam tragédias iguais. Ela decidiu transformar dor em cuidado.…
A Karine cresceu em uma cidadezinha do interior da Paraíba, com menos de 20 mil habitantes, em uma casa onde sonhar alto não era bem-vindo. Desde pequena, ela acreditava que poderia mudar de vida por meio dos estudos. Mas quando o ambiente ao seu redor insiste que mulher tem que cuidar da roça, casar cedo e não reclamar, o caminho até a liberdade passa por escolhas difíceis. Com 16 anos, ela fugiu de casa. Queria sair daquele lugar de qualquer forma e achou que namorar alguém de outra cidade seria sua passagem. Logo depois, engravidou. Não por escolha consciente, mas por falta de informação, apoio e estrutura. “Se eu tivesse tido uma boa orientação sexual, eu não teria sido mãe aos 16 anos”, ela conta. Ainda assim, encarou a maternidade com coragem e veio para São Paulo com o bebê nos braços e a ideia de recomeçar. Mas a vida seguiu sendo dura. Um relacionamento abusivo, a solidão, mais uma gravidez, e nenhuma rede de apoio. A cada nova queda, o mundo parecia dizer que estudar não era pra ela. Mas dentro da Karine, uma palavra não parava de ecoar: "mais". Ela sabia que merecia mais, podia mais. Com dois filhos pequenos, encarou a faculdade de pedagogia. Estudava, cuidava das crianças, trabalhava e seguia ouvindo gente dizendo que ela era doida, que não ia dar certo. Só que deu. Ela concluiu o curso. Se formou. Se empregou. “Foi um dos maiores desafios da minha vida. Mas eu consegui.” E não parou por aí. Hoje, Karine está no segundo semestre de psicologia. Sonha em trabalhar com mulheres que, como ela, enfrentaram vulnerabilidades sociais e emocionais. Quer ser rede pra quem nunca teve uma. Quer mostrar que é possível transformar dor em potência. A história dela é um lembrete importante: nem todo mundo tem escolha. Falta de acesso, de apoio, de acolhimento. Tudo isso pesa. Especialmente para mulheres. E mesmo assim, muitas seguem. Lutam. Persistem. Como Karine. Ela diz: “Você pode tudo e todas as coisas. Não fique onde não tem amor.” E é isso. Que a gente aprenda a escutar mais, julgar menos, e apoiar quem ainda não teve as mesmas oportunidades que a gente. Porque sonho bom é aquele que a gente pode sonhar de verdade. E, se puder, realizar. O Oxxo é o parceiro que está apresentando a história da Karine no podcast. O Oxxo também está sempre pertinho para salvar a gente no dia a dia. Saiba mais em http://instagram.com/oxxobrasil. #VemProOxxo Edição: Fábio de Azevedo (Nariz)…
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Histórias de ter.a.pia

A vida do Léo começou com um sinal. Literalmente. Quando a Aline pediu ao filho, ainda na barriga, que levantasse o pescoço durante uma cirurgia intrauterina se quisesse lutar para nascer, ele atendeu. Era só o começo de uma história muita força e amor. A chegada do Léo foi desejada e tudo indicava um nascimento tranquilo. Mas um laudo mudou o rumo de tudo: Síndrome de Caos, uma obstrução rara da traqueia que impedia o bebê de respirar ao nascer. A única chance seria uma cirurgia intrauterina, inédita no mundo, que foi bem sucedida. Mas com um mês de vida, o Léo enfrentou uma infecção grave e perdeu todo o intestino. Disseram que só um transplante nos EUA, que custava 1 milhão de dólares, poderia salvá-lo. Após quase um ano, a Aline finalmente levou o filho para casa. Mas o hospital ainda morava com eles: sondas, oxigênio, respirador, protocolos, medos. A mãe se tornou técnica de enfermagem da vida real. E ainda assim, por muito tempo, apenas sobreviveu com o filho paciente. Até que, durante mais uma internação crítica, Aline fez uma promessa. Se saísse daquela, faria tudo diferente. Colocaria vida dentro do tratamento. E viver era descer até o parquinho com o filho e os aparelhos amarrados no carrinho. O sorriso do Léo naquele dia mudou tudo. Ele nunca mais teve uma internação prolongada desde então. Aline entendeu que viver cura, mesmo que a doença continue ali. Mas a vida continuava colocando obstáculos. Um deles foi quando um segurança no Cristo Redentor não liberou o uso de uma tomada para aspirar a traqueo do Léo. Aline e o marido, então, criaram uma mochila. Uma mochila com bateria que daria autonomia aos aparelhos do filho. O que era solução para uma dor, virou luz para outras famílias. A mochila virou a OutCare, um produto que em 2023, ajudou 50 crianças com diversas síndromes.7 já foram beneficiadas em outra campanha. A Aline deseja que nenhuma criança viva confinada por causa de um cabo de energia. Hoje, o Léo é um menino que não fala, não enxerga, mas entende tudo e se comunica com beijos e palmas, e que junto da mãe criou uma forma de dizer a outras famílias que sim, dá para viver mesmo com todas as limitações. Porque, no fim das contas, talvez o Léo nunca tenha precisado ser curado. Talvez ele tenha nascido pronto para curar o mundo ao redor. Ajude a custear mochilhas OutCare para outras crianças, doe para o pix outcare@historiasdeterapia.com…
A voz, o abraço, as brincadeiras do companheiro… Tudo não existe mais na vida da Janaína, depois do diagnóstico de Esclerose Lateral Amiotrófica do Marcos, seu marido há 26 anos Jana e Marcos se conheceram em um rodeio, ainda jovens. Ele foi o primeiro namorado dela, e o amor entre os dois cresceu rápido. Casaram, construíram uma família e uma rotina cheia de afeto. Mas, no começo de 2021, Marcos começou a sentir fraqueza nas mãos. Em pouco tempo, os sintomas se espalharam. A cada dois meses, a doença atingia uma parte diferente do corpo: primeiro os braços, depois as pernas, até afetar sua capacidade de respirar. O diagnóstico veio na mesma velocidade: Esclerose Lateral Amiotrófica. Uma doença degenerativa que paralisa os músculos do corpo até que a pessoa fique totalmente incapaz. Mas o mais cruel da ELA é que a mente permanece ativa, e o Marcos está lúcido, sente tudo, mas não consegue mais se expressar. Por muitos meses, a única forma de comunicação com a família foi através dos olhos. Um piscar significava “sim”, duas piscadas “não”. Até que a musculatura ocular também foi comprometida, e ele mesmo pediu para parar de tentar se comunicar. Com esforço, apoio jurídico e ajuda do SUS, Janaína conseguiu trazer Marcos de volta para casa. Instalou toda a estrutura necessária, com cama hospitalar, respirador e equipe de enfermagem. Ele seguia sendo presente na rotina da esposa e dos dois filhos. E apesar do silêncio, Janaína insiste em amar. Todos os dias, ela cuida dele, beija, conversa, inclui nas decisões, mantém viva a dignidade que a doença tentou levar. E mesmo sem resposta, ela não deixa de dizer que o ama. Ela sente saudade da companhia, das conversas, das piadas, do jeito brincalhão que ele sempre teve. Sente saudade do homem que ainda está ali, mas não pode mais se mostrar. E mesmo assim, não desiste de estar ao lado. Porque como ela mesma diz: o amor é uma escolha. E ela escolhe amar, mesmo no silêncio.…
“Se engravidou é porque tem útero. Então não é homem.” Lucas ouviu isso mais vezes do que gostaria. Mas não deixou que esse tipo de frase apagasse quem ele é. Ele escolheu viver a gestação sendo um homem trans com amor e coragem. Lucas conheceu o Vinicius pela internet. Conversavam bastante, viraram amigos, mas ele sempre adiava o encontro. Depois, marcaram de se ver. Lucas conheceu os quatro filhos dele, e o que era amizade virou amor. Ele nunca tinha se imaginado gestando. Tinha medo do que os outros pensariam, de como seria visto. “Será que vão me enxergar como mulher? Será que vão apagar o homem trans que sou?” Mas a vida não pergunta. Um dia, no trabalho, uma amiga tirou da mochila um teste de gravidez. Deu positivo. Uma linha forte, outra mais fraca. Lucas mandou a foto pra mãe, sem entender nada. “O que é isso aqui, mãe?” A resposta veio com um susto. E com um começo. No posto de saúde, foi acolhido. O médico o tratou com respeito desde o primeiro dia. Explicou todas as mudanças que aconteceriam no corpo. Nunca o desrespeitou. Lucas foi o primeiro homem trans do Rio de Janeiro a participar do Transgesta, projeto pioneiro do SUS que oferece cuidado especializado e acolhimento para pessoas trans gestantes. Durante a gestação, a falta dos hormônios fizeram com que sua barba caísse, sua imagem não era a que ele queria ver, mas ele seguiu. Escolheu focar no que importava: a chegada da filha. No dia do parto de Cecília, o anestesista perguntou se ele queria ouvir alguma música. Ele escolheu Cigarra , de Simone e Milton Nascimento, a música da bebê. E foi ouvindo essa canção que ela chegou ao mundo. Chorou antes mesmo de sair. Quando foi colocada em seu peito, pegou o seio de primeira. O nascimento de Cecília saiu em páginas de notícia. E também virou alvo de comentários cruéis. “Homem não engravida.” Mas Lucas não se deixou afetar. “Se você absorver tudo o que as pessoas falam, você deixa de viver sua vida do seu jeito."…
A depressão foi tirando tudo da Bruna. Primeiro, a energia. Depois, o desejo de se levantar da cama e, por fim, a vontade de continuar viva. Foi nesse ponto, já pesquisando métodos para não estar mais aqui, que ela resolveu pedir ajuda. O que ela não imaginava é que o socorro viria na forma de uma gatinha chamada Virgínia. Em plena pandemia, em 2020, ela se viu sozinha e começou a se afundar. Não comia, não tomava banho, não tinha forças. Mas mascarava bem. A família não percebia a gravidade da situação à distância. Mas o copo ficou cheio demais e transbordou. Numa visita à casa dos pais, sentada à mesa da cozinha, ela pediu ajuda. A irmã sugeriu que Bruna passasse uns dias com ela. E, tentando tirar a irmã daquele estado, insistiu pra que fossem visitar uma ONG de adoção de animais. Bruna não queria, mas topou, mais pra encerrar o assunto do que por vontade. E foi logo na primeira gaiola que ela apareceu. Uma gatinha adulta, quase idosa, com sequelas de uma doença respiratória, resgatada de um lugar muito ruim. E mesmo assim, estava disposta a dar e receber carinho: rolou no chão, mostrou a barriga e esfregou a bundinha na grade como se dissesse “olha pra mim.” E a Bruna olhou. Passado o recesso de fim de ano, ela foi adotar a Virgínia. Nos primeiros dias, bateu o medo. Como ela iria cuidar de uma gata se mal estava dando conta de si? Mas, com o tempo, foi percebendo que a rotina com Virgínia virou estrutura. E a estrutura virou cuidado. Com a gata e com ela mesma. Bruna sabe que a depressão é uma doença multifatorial. E que nenhuma cura vem de um único lugar. Ela fez terapia, toma medicação, conta com a rede de apoio. Mas reconhece: foi com a chegada da Virgínia que ela começou a reencontrar um sentido. Porque vida chama vida. E, às vezes, tudo que a gente precisa é de algo ou alguém pra lembrar disso. Hoje, Bruna fala da depressão sem vergonha. Fala com coragem. Pra dizer que não foi fácil, mas que é possível. E que nenhuma dor deve ser vivida em silêncio. Ela é uma pessoa com múltiplas camadas. E a depressão foi só uma delas. Entre todas as coisas que a definem, também está essa: ela é uma sobrevivente. E foi salva por uma gatinha.…
A história de Julio e Andrey começa no meio do caos. Uma vida que parecia prestes a se desfazer encontrou um novo sentido com a chegada de um menino com síndrome de Down, que, sem saber, salvou quem o salvaria. Julio saiu de casa aos 18 anos após conflitos familiares, mergulhou em uma depressão profunda e pensou em desistir. Até que um telefonema da mãe interrompeu esse ciclo. Ela estava namorando e o novo companheiro tinha um filho com síndrome de Down. A convivência com Andrey começou aos poucos. O garoto tinha comportamentos autolesivos e não conseguia se comunicar. Julio, então, se colocou no papel de cuidador, babá, irmão, tutor. Tudo ao mesmo tempo. Começou a ensinar pequenas coisas: comer sozinho, se vestir, se limpar. Passo a passo, foi mostrando ao Andrey o que era ser amado. A conexão entre os dois foi crescendo e se tornou ainda mais forte quando Andrey precisou passar por uma cirurgia. Foram 5 dias no hospital, e Julio ficou lá o tempo inteiro com ele. Foi só depois da alta que o pai biológico do Andrey apareceu, embriagado. Aquilo foi o ponto de virada: Julio decidiu entrar com o pedido de guarda. O pai cedeu, assinou os papéis, e a história deles, que já era forte, virou laço de fato. Julio ainda enfrentaria outra perda: a morte da mãe. Quem o acolheu foi Andrey. Com suas palavras simples e seu toque de carinho, Andrey segurou Julio no momento mais difícil. E foi ali que Julio entendeu: quem foi salvo, na verdade, foi ele. Hoje, 9 anos depois, Julio olha para Andrey, agora com 20 anos, e diz com orgulho que ele é seu filho e vem evoluindo todo dia. No fim das contas, o que incomoda muita gente não é a história de amor entre um pai e seu filho. É que essa história seja protagonizada por uma família que foge do padrão. Julio é um homem trans. Essa informação só aparece aqui, no fim, porque ela não muda em nada a beleza, a coragem e a potência do que foi vivido. Mas, para muita gente, ela mudaria tudo. E é justamente aí que mora o preconceito.…
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Aniete chegou em Tietê com o filho pequeno, uma mala de roupas e uma TV de 14 polegadas. O companheiro decidiu itr embora, deixando para trás uma mulher negra, mãe solo, sem apoio, em uma cidade nova. Ela tinha medo, fome e a responsabilidade de proteger o filho, que não conseguia se desenvolver como as outras crianças. Mas também tinha algo que não se compra: fé em si mesma e a certeza de que um dia o sol voltaria a brilhar. Enquanto o filho Xavier enfrentava o preconceito e a falta de diagnóstico, ela batalhava por um sustento que não vinha. A bicicleta foi seu principal meio de transporte. Entre idas à creche, supermercados e os muitos empregos que não duravam, ela passava por confecções que despejavam tecidos nas calçadas. Foi assim que ela começou a produzir bonecas abayomis. Em um momento de cansaço, ela recolheu os tecidos descartados e decidiu tentar. Com suas mãos, deu vida à primeira boneca. As pessoas começaram a comprar. O artesanato virou sustento. A mulher que um dia só tinha uma alface para o filho comer, agora começava a sonhar com independência. E mesmo com a dor de uma depressão severa que enfrentou em 2018, ela transformou tudo isso em palavras. Em uma tarde, nasceu “Abayomi, a menina de trança”, seu livro infantil. Na história, Abayomi precisa replantar o último girassol do mundo. Era o que Aniete fazia também, replantava a esperança dentro de si. Hoje ela vende suas bonecas e livros com as histórias que escreve. Quer crescer como artista e como pessoa, mas também quer puxar outras mulheres com ela. Porque, mesmo com tantas ausências, também encontrou pessoas que a acolheram em seu caminho. Pessoas que acreditaram quando tudo parecia perdido. No fim, Aniete costurou sua própria história e agora, com Xavier ao lado e a literatura como guia, ela segue acreditando que ainda há muita luz pra florescer. Link do livro da Aniete: https://amzn.to/3YqA9pd…
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Depois de três anos vivendo na Bélgica, Moana acreditava ter a vida resolvida ao lado do marido. Até que uma viagem ao Brasil para resolver uma documentação trouxe à tona uma traição: seu marido estava vivendo há 6 meses com outra mulher. Sem chão, ela decidiu recomeçar do zero em Uberlândia, sua cidade natal. No dia que descobriu a traição, Moana foi convencida pela irmã a ir ao circo recém-chegado na cidade. Sem saber, a vida dela começaria a mudar ali. Na portaria, reparou num rapaz vestido de preto que organizava a fila. Era bonito, simpático, e ficou na cabeça de Moana o espetáculo inteiro. Durante a apresentação do Globo da Morte, tentou descobrir se era ele. Confirmou quando os capacetes caíram: era o mesmo rapaz. Na saída, soube que ele já estava comprometido e não levou a história adiante. Mas o destino não se deu por satisfeito. Semanas depois, Moana voltou ao circo com o irmão caçula. Lá, recebeu um recado inesperado: o motoqueiro do Globo da Morte queria seu número. A partir daí, começaram a se falar, saíram para se conhecer melhor e nunca mais se desgrudaram. O começo foi cheio de receios. Moana tinha acabado de reconstruir sua vida e tinha medo de abrir mão de tudo novamente. Mas Luiz, o motoqueiro, se mostrou diferente. Insistiu, acolheu, conquistou. Quando o circo viajava, voltava para vê-la nas folgas. Quando ela podia, ia atrás dele. Poucos meses depois, veio a surpresa: Moana descobriu que estava grávida. Decidiu, então, abandonar de vez a vida fixa e seguir o amor, e o circo! Começou vendendo churros, virou bailarina no picadeiro e encontrou no circo uma nova família. Hoje, Moana vive viajando pelo Brasil, mora num trailer, é mãe e redescobriu uma felicidade que nem sabia que era possível. A mulher que um dia sonhou, do outro lado do mundo, em ter uma vida mais leve, encontrou o seu lar onde menos esperava: sob a lona de um circo. O Oxxo é o parceiro que está apresentando a história da Moana no podcast. O Oxxo também está sempre pertinho para salvar a gente no dia a dia. Saiba mais em http://instagram.com/oxxobrasil. #VemProOxxo Roteiro: Luigi Madormo Edição: Fábio de Azevedo (Nariz)…
Aos 4 anos, a Stefany era obrigada a vender balas no calçadão de Campo Grande, no Rio de Janeiro. Um dia, ela tomou a decisão que mudaria tudo: decidiu que não voltaria mais para casa. Era mais do que uma fuga, era um grito por socorro. Criada pelos avós, depois que a mãe foi internada por ser dependente química, Stefany cresceu em um ambiente instável e perigoso. A avó era sua única referência de proteção. O avô era agressivo, os tios estavam envolvidos com drogas. Na casinha pequena que eles viviam, moravam umas 11 pessoas. Quando ela passava da sala pra cozinha, encostavam nela e a assediavam. E ninguém fazia nada. Sua fuga aconteceu depois da morte da avó. Stefany pegou um ônibus sozinha e foi até a praia. Ela ficou na areia até escurecer, quando vieram dois guardinhas. Ela só dizia que não queria voltar pra casa porque seu avô iria te bater. A partir disso, a vida da Stefany mudou. Ela foi encaminhada a um abrigo, onde começou o difícil processo de adoção. Dos 5 para os 6 anos, ela foi adotada por uma família extremamente amorosa, mas o medo de ser devolvida, de incomodar, se fazia presente. Stefany não falava dos seus desejos. Só anos depois teve coragem de dizer que sonhava fazer aulas de dança ou visitar alguns lugares. A arte foi seu refúgio. A música chegou pelas mãos do pai adotivo, um homem doce, que tocava em asilos e abrigos. Ele a incentivou a experimentar instrumentos até ela se encontrar na viola (pros leigos, é tipo um violino grande). O dia mais esperado era o da sua apresentação com a orquestra da cidade, mas o pai não chegou a assistir. Ele havia partido repentinamente. Ali ela se perguntou se deveria continuar tocando, já que sua maior inspiração se foi. Mas voltou. Com o apoio dos amigos, seguiu estudando e tentando uma vaga na @ojesp_. E conseguiu! A Stefany toca em uma das melhores orquestras jovens do país, na @salasaopaulo_. A música a salvou e a curou de traumas que ela talvez nunca superasse sozinha. Hoje, Stefany segue na música. Sua realização é essa: tocar com amor, como seu pai a ensinou.…
Aos 40 anos, Aine finalmente teve coragem de se olhar no espelho e se reconhecer. Antes disso, a vida parecia uma longa espera para morrer. Ela chegou a pesar quase 200kg porque não se aceitava enquanto uma mulher trans. Era como se, inconscientemente, estivesse destruindo o corpo que a sociedade dizia que ela devia ter, mas que ela não suportava habitar. Desde criança, Aine sabia quem era. Aos 6 anos, pediu para experimentar uma sandalinha que a prima usava, e levou uma bronca da mãe. Foi naquele momento que ela entendeu que sua identidade precisava ser escondida. Trancada no quarto, ela se vestia escondida, se olhava no espelho em segredo. Por dentro, sentia-se errada. Mas, no fundo, sabia: ela era uma menina. Com o tempo, surgiram as dúvidas, os desejos, a incompreensão de quem via nela uma amiga, mas nunca um namorado. Foi na internet que ela conheceu sua esposa, e foi com ela que começou a se libertar. Começaram como amigas, viraram namoradas e, em 2007, se casaram. Aine ainda não tinha se assumido, mas Alexandra sempre soube da sua identidade. Dentro de casa, ela já era quem sempre foi. Mas por fora, a dor era grande. A cada ano, o peso aumentava. Dez quilos por ano. Até que um médico disse: "Se você não emagrecer, não chega aos 50 anos." O baque foi tão grande que ela decidiu: precisava cuidar da saúde, não por estética, mas porque queria viver. E viver sendo quem era. Veio a bariátrica, vieram os procedimentos, a terapia, a transição, as cirurgias, o cuidado com a pele, os cabelos, o corpo. Enquanto ganhava vida, Aine perdia privilégios. A fama, que veio com o sucesso de seu canal geek no YouTube, se esfarelou muito rapidamente. Ela, que era convidada por grandes marcas como Netflix, Disney e Paramount, passou a ser ignorada. Bastou um vídeo se assumindo. Mas a internet, que antes a aplaudia, virou as costas: 6 mil inscritos a menos em um único dia. E com eles, os contratos, os convites, o sustento. Mas Aine não se arrepende. Porque hoje, ela vive. Hoje, ela é mãe. Hoje ela é a mulher da sua vida.…
Weverton cresceu carregando dores que nem sabia nomear. Criado com os irmãos até os 10 anos, foi separado deles quando os avós se divorciaram. Acabou na casa da vizinha, onde viveu um terror calado: o filho dela, mais velho, o ameaçava e abusava dele. Foi também esse garoto quem apresentou a pichação. E Weverton usou isso como moeda: ameaçou contar tudo se não o levassem pra pichar. Assim nasceu o desejo de escrever nos muros. Primeiro os nomes dos irmãos, por saudade, pra descontar a dor. Depois, veio a paixão real. Mais tarde, reencontrou a mãe, que abominava a arte e o agredia. Apanhava do padrasto também. Na rua, encontrou mais paz do que em casa. Viu nas ruas perto de casa dois grafites assinados por “Gueto” e “Finok”, artistas chamados Rafael. Decidiu que daria ao seu filho esse nome. Casou aos 18, teve dois meninos. Em 2017, tudo desmoronou: a mãe das crianças o deixou. Sem dinheiro, entregou a casa onde morava. No fim era ele, os dois filhos, uma geladeira e uma cama de solteiro. Na pandemia, vivia numa pensão com os dois filhos muito pequenos e faxinava o espaço pra pagar o quarto. Até que um comerciante viu um de seus desenhos e o contratou para pintar a fachada de uma loja. O trabalho garantiu três meses de aluguel. Três meses de aluguel pagos com arte! Aos 30 anos, foi chamado pela Hurley para uma colaboração nacional. Sua arte estaria estampada em roupas vendidas em shoppings de todo o Brasil. Um menino que tomava conta de carro pra comer pastel na feira, agora tinha sua assinatura vendida como arte. Mas seu maior orgulho são Rafael e Guilherme, os filhos que o mantêm de pé. Os dois únicos que estiveram ali em todas as fases. São eles que dão sentido à vida, que impedem que ele caia. O abraço, o beijo de bom dia, o afeto. É disso que a casa dele é feita. Pode faltar tudo, menos isso. Poisé, seu nome artístico, nasceu de um sonho: um primo falecido aparece soltando pipa. No céu, o nome: Poisé. Ele diz que a vida de Weverton mudaria. E mudou. A arte, que tanta gente marginaliza, salvou. Porque quando a nossa vez chega, ninguém segura.…
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Histórias de ter.a.pia

Joana da Paz tinha 80 anos quando decidiu comprar uma câmera e filmar, da janela do seu apartamento em Copacabana, o tráfico de drogas que operava ali a céu aberto. O que parecia cena de ficção virou realidade quando suas fitas chegaram à Polícia Civil e, logo depois, às mãos do jornalista @fabiogusmao. Ele se lembra do impacto de ver as imagens pela primeira vez: homens armados passando pela ladeira, e uma voz trêmula, mas determinada narrando a rotina do crime, enquanto pedia por ajuda. Era ela, Dona Joana. A verdadeira história, Fábio entendeu, não estava na rua. Estava dentro do apartamento. Na dor, na coragem, no isolamento de quem decidiu agir quando ninguém mais fazia nada. Por segurança, Joana virou "Dona Vitória" na reportagem. Durante meses, Fábio a acompanhou de perto: café, biscoito recheado e longas conversas. Ela queria ver sua história publicada. Queria justiça. Mas não entendia os riscos. Só aceitou sair do apartamento quando conseguiu vendê-lo. E foi aí que tudo começou: uma grande operação foi deflagrada, resultando em 27 mandados cumpridos, 9 contra policiais. A matéria saiu em 2005 e parou o Brasil. Sem redes sociais, viralizou na imprensa. Joana, ainda anônima, foi entrevistada pelo Fantástico. Disse estar com a alma lavada. Depois, entrou para o Programa de Proteção à Testemunha. Mudou de cidade, reconstruiu sua vida e, mesmo longe, nunca perdeu o vínculo com Fábio. Dona Joana morreu em 2023. E hoje, a história que ela tanto quis contar virou filme, com @fernandamontenegrooficial no papel que Dona Joana sempre sonhou: o dela mesma. A mulher que filmou o crime da sua janela queria ser vista, hoje o Brasil inteiro pôde enxergá-la e agora ela será eternizada pela atuação da Fernandona. Compre o livro que inspirou o filme aqui: https://amzn.to/42tkFmo O Oxxo é o parceiro que está apresentando a história da Joana da Paz no podcast. O Oxxo também está sempre pertinho para salvar a gente no dia a dia. Saiba mais em http://instagram.com/oxxobrasil. #VemProOxxo Roteiro: Luigi Madormo Edição: Fábio de Azevedo (Nariz)…
Sonhar com São Paulo era sonhar com oportunidades. Mas a realidade foi outra e a rua se tornou a casa do Carioca por duros 12 anos. Entre noites frias e dias de incerteza, Carioca fez um amigo, vizinho de calçada, que lhe ofereceu um caminho para sobreviver: se tornar catador e aprender a garimpar. No ferro velho, ele entendeu que o que chamam de lixo tem valor. Aprendeu a separar, carregar, vender. E ali, entre os montes de material reciclável, encontrou um teto. O dono do ferro velho ofereceu um espaço, um barraco simples, mas seu. O primeiro colchão foi um pedaço de papelão, o travesseiro, um bloco de cimento. Mas ele dormiu tranquilo, protegido pela primeira vez em anos. Foi ali que conheceu Jo. A menininha vinha todo dia, levando o almoço de quem trabalhava no ferro velho. No meio das idas e vindas, os dois criaram um vínculo. Até que um dia, com a pureza de uma criança, a Jo olhou para o Carioca e disse: “Se eu tivesse um pai, queria que fosse igual a você.” Aquela frase virou uma chave. Ele, que tinha se acostumado a sobreviver, sentiu a responsabilidade de ser referência. Mas a aproximação não passou despercebida. A mãe de Jo estranhou o quanto a filha falava sobre aquele homem chamado Carioca. Ele foi até a casa dela, explicar que estava certa em se preocupar com a filha. Só que a amizade entre o Carioca e a mãe da Jo foi crescendo. A amizade virou carinho, o carinho virou amor. E assim ele teve a chance de construir uma família. Mas o sentido da sua vida não parou ali. Em 2002, soube que a prefeitura apoiaria grupos organizados de catadores. Com outros 46 trabalhadores, formaram uma cooperativa. Hoje, sua cooperativa tem 352 cooperados, seis unidades, um centro escola. Mais do que coletar e separar materiais, formam e qualificam pessoas, resgatam jovens antes que a criminalidade os adote, dá oportunidade a quem saiu do sistema prisional, a quem envelheceu e o mercado de trabalho descartou. O Carioca entende que os catadores salvam o planeta diariamente. Mas, acima de tudo, salvam uns aos outros. E foi assim que ele encontrou seu lugar no mundo: no amor de uma filha, no encontro com sua esposa e no trabalho que dá dignidade a tantos. Porque, quando se faz algo com verdade, tudo encontra seu caminho.…
Como médica paliativista, Ana Cláudia viu de perto o fim de muitas histórias, ajudou a aliviar a dor de quem partia e acolheu famílias no momento mais difícil. Mas nada a preparou para a despedida de sua própria mãe. A mãe dela havia passado por muitas perdas. O marido, uma filha… O luto foi se acumulando e, junto com ele, uma tristeza profunda que aos poucos foi tirando o brilho dos olhos dela. Vieram as quedas, o desequilíbrio, os sinais de que o corpo começava a se render. Foi quando Ana sugeriu que ela fosse para a casa de repouso onde trabalhava. Um lugar com fisioterapia, missa semanal, outras pessoas para conversar. A mãe disse sim. O tempo lá trouxe uma melhora, mas não impediu o avanço da esclerose lateral amiotrófica. A mãe começou a engasgar, a se atrapalhar com os próprios movimentos. Em uma visita, Ana a encontrou fazendo as unhas, arrumando o cabelo, mas no sábado seguinte, de manhã, a respiração ficou difícil. Ana não estava presente, mas percebeu que era chegada a hora e pediu à filha para dizer à avó que ela estava a caminho. Chegou no quarto e encontrou a mãe cercada pela família, deitada na cama, serena. Tocou na mão dela e sussurrou: "Mãe, cheguei". A mãe abriu os olhos, puxou um último ar, sorriu… e partiu. Dez minutos se passaram, e o médico, que um dia foi aluno de Ana, revelou que algo incomum havia acontecido. A mãe dela já não respirava fazia 10 minutos, mas todos ali concordaram em esperar. Ninguém a tocou. Todos ficaram em silêncio, em respeito ao tempo da filha que ainda não havia chegado. E então, quando Ana entrou no quarto e chamou, a mãe voltou. Só para se despedir. Se Ana pudesse desenhar essa cena, ela imaginaria sua mãe atravessando um túnel, com o pai e a filha esperando do outro lado. Prestes a ir, escutaria a voz da filha chamando. E, por um instante, interromperia a travessia. "Só um minutinho", diria. E voltaria, só para deixar à filha o último presente: um sorriso.…
A vida de Razan nunca mais foi a mesma desde que o marido partiu para os EUA e desapareceu na travessia. Desde então, tudo pesa sobre os ombros dela: três filhos para criar sozinha, um pequeno restaurante que abre aos fins de semana e a luta diária para pagar as contas, fora o fato de não ter tido oportunidade de se despedir. Mas Razan já sobreviveu à guerra na Síria. Ela sabe que não pode parar. A Síria se tornou inviável para viver, então fugir não era escolha, era necessidade. Mesmo Razan não querendo, o plano era ir para a França com o marido. Os dois não tinham filhos ainda. Mas no aeroporto, no Líbano, os sírios foram impedidos de embarcar. Tudo que tinham foi perdido naquelas passagens. Sem saída, o marido encontrou um destino inesperado: o Brasil. Razan não queria vir. Não falava português, não conhecia ninguém. Mas não havia opção. A adaptação foi dura. Um dia, sem geladeira suficiente para guardar a comida que preparou, uma vizinha sugeriu que vendessem. No final do dia, Razan tinha dinheiro na mão e uma esperança nova. Ali ela começou a cozinhar, postar nas redes sociais e, pouco a pouco, conseguiu clientes. Quando abriu a garagem para vender seus pratos, uma fila se formou na porta de casa. Pela primeira vez, ela sentiu que poderia recomeçar. Mas então veio o golpe. Seu marido decidiu ir para os EUA visitar a família. Tentou o visto, mas foi negado. Escolheu a travessia ilegal. A última ligação veio quando ele estava perto da fronteira. Mostrou o rio que atravessaria. Disse que ligaria em dez minutos. E nunca mais ligou. Foram 54 dias de desespero. O celular nunca saía da mão. Qualquer barulho de notificação era um salto no peito. Até que veio a confirmação: ele morreu e foi enterrado com outros 18 em uma cova coletiva, sem nome, sem despedida. Desde então, tudo recai sobre ela. O restaurante ainda abre, mas as contas não fecham. Porque agora, tudo depende dela. Razan não quer ser engolida pela tragédia. O sonho dela continua. Porque cozinhar sempre foi o que a manteve de pé. Para ajudar a Razan, você pode frequentar seu restaurante de comida árabe, que fica na Rua Dr Mário Vicente, 379, Ipiranga. O restaurante funciona aos fins de semana. Para reservas e pedidos, mande uma mensagem no Whatsapp 11 99880.8496.…
Com 22 anos, Leticia perdeu toda a memória da sua vida. Como se sua própria história tivesse sido apagada, ela não reconhecia as pessoas, lugares ou sequer a própria imagem em fotografias. Era como se estivesse começando do zero, sem referências, sem um passado. Leticia convivia com alergias severas, mas a situação piorou. Um dia, ela sentiu as pernas ficarem geladas, os sintomas se intensificando, e ela foi levada ao hospital. Durante a internação, ela comeu algo que não podia e seu corpo reagiu violentamente. Parada cardíaca. Fechamento da glote. Uma dor insuportável. Os órgãos foram falhando um a um. Leticia ficou acamada, sem mobilidade, sem controle sobre o próprio corpo. Quando o caso dela parecia não ter solução, um médico alemão apareceu, e em dez dias de tratamento, ela voltou a andar. Mas o mais impressionante veio depois: exames revelaram vários vírus incubados em seu cérebro – meningite, dengue, rubéola, sem conta os fungos. Mas ela acordou sem memória de um dia para o outro? Não. Os esquecimentos vieram aos poucos. Nomes citados por sua mãe pareciam desconhecidos. Pessoas próximas se tornaram estranhas, até mesmo sua mãe. Sua própria imagem no espelho era de uma desconhecida. Forçar a memória trazia dores de cabeça, então ela desistiu de lembrar. Decidiu aceitar. Sem passado para guiar suas escolhas, decidiu construir algo novo. Foi aí que ela descobriu uma facilidade para aprender idiomas. Aprendeu alemão em cinco meses para agradecer ao médico que a ajudou, e seguiu estudando outros Com medo de esquecer tudo o que construiu novamente, Leticia passou a se apegar a pequenos detalhes e começou a registrar tudo em vídeo, de pequenas anotações a qualquer coisa que garantisse que, se um dia tudo sumisse de novo, ao menos o presente estivava documentado. Hoje ela celebra cada momento. Cada encontro. Cada aprendizado. E se um dia a memória falhar de novo, ela já sabe: o que importa é viver. Criar memórias novas e melhores. Compre o livro do ter.a.pia "A história do outro muda a gente" e se emocione com as histórias : https://amzn.to/3CGZkc5 Tenha acesso a histórias e conteúdos exclusivos do canal, seja um apoiador http://apoia.se/historiasdeterapia…
Leandro nunca quis ser pai. Era uma decisão resolvida, algo que ele nunca havia questionado. Até que Julieta, uma golden retriever, chegou. Mas calma, não é uma história sobre pai de pet… não só. Depois de um tempo estudando sobre cachorros, Leandro foi visitar um canil e foi escolhido por Julieta, que se tornou sua cãopanheira inseparável. Os dois viajaram juntos, compartilharam momentos felizes e desafiadores. Quando ela tinha 7 anos, veio o primeiro susto: câncer. Pela primeira vez, Leandro encarou a possibilidade de perdê-la. Mas a vida ainda lhe reservaria mais provações. Em 2021, seu pai sofreu um acidente e faleceu meses depois. Logo em seguida, Julieta começou a mancar. O diagnóstico: mielopatia degenerativa. A previsão era de 15 a 20 dias de vida, mas ela resistiu por dois anos. Foi nesse período que Leandro percebeu: sua paralisia emocional estava conectada à paralisia física de Julieta. O medo de ser pai, o trauma da infância, a ausência do pai, tudo era refletido nela. Quando finalmente Leandro e sua esposa decidiram tentar, Michelle engravidou na primeira tentativa. Lara nasceu. Três meses depois, Julieta partiu. Ela esperou e, segundo Leandro, essa era a missão da sua cãopanheira. A despedida foi difícil. A eutanásia foi a escolha mais dura que ele já tomou, ainda assim ele sabia que era o certo. Hoje, entende que Julieta não apenas transformou sua relação com a paternidade, mas ressignificou o papel dos animais em nossas vidas. O livro do Leandro você pode comprar aqui: https://amzn.to/3Fmq4Tm O Oxxo é o parceiro que está apresentando a história do Leandro no podcast. O Oxxo também está sempre pertinho para salvar a gente no dia a dia. Saiba mais em http://instagram.com/oxxobrasil. #VemProOxxo…
Desde pequena, Ana Claudia Quintana Arantes @acqa sabia que queria ser médica. Mas crescer em uma família com dificuldades financeiras fazia esse sonho parecer distante. Ainda assim, ela insistiu e conseguiu entrar na USP, um passo que parecia impossível, mas que abriu o caminho para tudo o que viria depois.Foi na faculdade que começou a perceber algo que a maioria dos colegas evitava: a morte. O assunto era tratado como um fracasso, um erro da medicina, algo a ser contornado a qualquer custo. Mas para Ana, essa negação não fazia sentido. Quanto mais ela estudava, mais entendia que a morte não era o oposto da vida, mas parte dela. E foi assim que encontrou sua verdadeira vocação nos cuidados paliativos.Ela começou a trabalhar com pacientes em fase terminal e percebeu algo fundamental. Não era só sobre aliviar dores físicas. Era sobre acolher, ouvir, permitir que as pessoas vivessem seus últimos dias com dignidade. Ana descobriu que a maior parte do sofrimento vinha do medo, do silêncio ao redor do tema, da solidão de não poder falar sobre o próprio fim.Enquanto a maioria dos médicos olhava para a morte como um inimigo, Ana a via como parte do processo. Falava sobre isso com naturalidade, escrevia, dava palestras. Queria quebrar o tabu, ensinar que a morte não precisava ser um momento de desespero, mas sim de significado.A experiência com os pacientes trouxe reflexões profundas sobre a vida. Sobre como gastamos tempo demais preocupados com coisas que não importam e tempo de menos vivendo de verdade. Sobre como postergamos conversas difíceis, como temos medo de dizer “eu te amo” ou pedir perdão. Ela via isso todos os dias, e isso mudou como escolheu viver.Olhando para trás, Ana Claudia não tem dúvidas: escolheu a medicina para salvar vidas, mas aprendeu que, às vezes, salvar alguém significa apenas garantir que seu fim seja tratado com respeito e humanidade.O livro "Cuidar até o fim" da Ana Claudia Quintana Arantes, publicado pela @EditoraSextanteTV , você pode comprar aqui pelo link: https://amzn.to/3ENHubq.…
Monique Reis fez história ao se tornar uma das primeiras travestis a presidir uma escola de samba, em São Paulo. À frente da @imperatriz_domorro, em Taubaté, ela transformou a quadra da escola em um espaço de acolhimento e resistência, onde cultura e inclusão caminham juntas. Sua trajetória começou dentro de casa, onde sempre teve apoio dos pais para ser quem era. A transição veio acompanhada de um pacto com a mãe: poderia ser quem quisesse, desde que estudasse. E assim foi. Primeira travesti a se formar na Universidade de Taubaté, Monique escolheu o jornalismo como caminho. Mas, na prática, os títulos acadêmicos não garantiram espaço. Passou em provas, foi bem em entrevistas, mas sempre esbarrava na transfobia. Era como se o mundo dissesse que uma travesti não podia ocupar aquele lugar. Sem alternativas, encontrou na prostituição uma forma de sobreviver, como tantas outras. Mas ela não aceitaria que essa fosse a única realidade possível. Se o mundo não abrisse espaço, ela o criaria. Foi assim que surgiu a Imperatriz do Morro. Uma escola de samba onde as funções eram ocupadas por quem sempre foi deixado à margem. A tesoureira era uma travesti. O secretário, um homem gay. A madrinha de bateria, uma drag careca. Mas a Imperatriz do Morro é muito mais que uma escola de samba. É um refúgio. É onde crianças aprendem capoeira, onde senhoras jogam bingo para escapar da solidão, onde jovens encontram um ofício. No barracão, Monique ensina a fazer adereços, a costurar, a criar. A capacitação vem com um propósito claro: garantir emprego. Para muitos, era a única oportunidade de uma vida digna. De segunda a segunda, o ano todo, as portas estão abertas, porque a vulnerabilidade não tem horário comercial. Para Monique, as escolas de samba sempre foram mais do que desfiles. São espaços de resistência, de preservação cultural, de afirmação da identidade negra e periférica. É o povo saindo do morro para mostrar que sabe tocar, cantar e dançar tão bem quanto qualquer um. É a quebra da exclusão, o resgate de uma história que tentaram apagar. E por isso, quando perguntavam se a Imperatriz falaria de orixás, de Exu, de Maria Padilha, a resposta era simples: sempre. Falar sobre o que veio antes dela era uma necessidade, um dever. Defensora das religiões de matriz africana, Monique usa os enredos da escola para resgatar a ancestralidade negra e periférica, desafiando preconceitos e reafirmando a importância do carnaval como manifestação cultural. Foi assim que chegou à Marquês de Sapucaí, no Carnaval de 2025, sendo uma das homenageadas pela Paraíso do Tuiuti, em um enredo sobre Chica Monicongo, a primeira travesti do Brasil. Uma mulher que morreu queimada pela Inquisição por se recusar a negar quem era. Monique sempre soube que sua trajetória não seria fácil. Mas se fosse para ser lembrada por algo, que fosse pela coragem. Não por ser boazinha, nem por ser aceita, mas por transformar vidas. Porque, no fim, o que ela construiu não foi apenas uma escola de samba. Foi um quilombo moderno, onde cada um que cruza os portões encontra um lugar para existir.…
O que você faria se soubesse que o tempo de vida do amor da sua vida está acabando? O Clark viveu essa realidade ao lado de Fabalo, com quem dividiu 4 anos de pura conexão e felicidade antes de serem surpreendidos por um diagnóstico terminal. Os dois se conheceram em um aplicativo, mas logo perceberam que foram feitos um para o outro. Entre os momentos inesquecíveis, a primeira viagem juntos a Porto Seguro marcou o início de uma história intensa. Foi lá que Fabalo pediu Clark em noivado, ao som de "Quando bate aquela saudade", de @rubelrubelrubel. Mas os planos foram atravessados quando Fabalo começou a sentir dores intensas e foi internado com suspeita de hérnia. O que seria uma cirurgia simples, deu lugar uma notícia difícil. Não era hérnia, mas um câncer em estágio terminal. A partir desse momento, a vida do casal se transformou em uma corrida contra o tempo. Clark largou o trabalho para estar 100% ao lado de Fabalo, e juntos decidiram aproveitar cada segundo que tinham. Entre internações e tratamentos paliativos no @hospitaldeamor, eles encontraram espaços para sorrir, amar e viver. Em meio a essa luta silenciosa, a equipe médica sugeriu a ideia dos dois casarem. O amor deles merecia ser celebrado mesmo que o "para sempre" tivesse um prazo terreno. O hospital se transformou em salão de festas: pacientes, enfermeiros e médicos se tornaram testemunhas de uma união que transcendia a dor. Cercados de amor, os dois disseram “sim”. Duas semanas depois do dia mais feliz da vida deles, Fabalo partiu nos braços do Clark, aos 24 anos. A dor da perda foi imensa, mas também veio acompanhada de gratidão por ter vivido um amor tão profundo. Para encontrar um novo significado pra vida, Clark decidiu cursar enfermagem. Cada aula, cada experiência no hospital, é uma maneira de honrar a memória de Fabalo e transformar a dor em cuidado com o outro. Nesse processo de altos e baixos, Clark aprendeu que a morte, mesmo dolorosa, também pode ser uma forma de cura. Revivendo essa história, ele percebe que teve o privilégio de viver um amor que muitos sonham, mas poucos têm a sorte de encontrar.…
Carol cresceu ouvindo o pai dizer que se tivesse um filho gay, expulsaria de casa. O medo das ameaças, muitas delas feitas com uma arma na mão, a fez esconder sua identidade de gênero e performar uma masculinidade que não a representava. Dez anos atrás, Carol conheceu Jéssica pelo Twitter. Jéssica tomou a iniciativa, convidando-a para sair. A conexão foi imediata e, com o tempo, Carol percebeu que Jéssica enxergava algo que ela mesma tentava reprimir. Uma frase mudou tudo: "Pessoas cis nunca pensam que são trans. Mas pessoas trans eventualmente pensam que são trans". Quando Jéssica perguntou se ela já havia pensado nisso, Carol respondeu sem hesitar: "Sim, penso todo dia." Duas semanas depois, Carol decidiu que nunca mais sairia de casa sem ser quem realmente era. Em junho de 2021, no Dia dos Namorados, Carolina nasceu. A transição trouxe desafios, incluindo o medo da rejeição e a dúvida sobre conseguir um emprego, mas o apoio de Jéssica foi essencial. Dois meses depois, Carol estava empregada e, finalmente, se sentia viva. O casamento para as duas era um sonho distante até que a @casa1 promoveu um casamento coletivo. Em dezembro de 2023, ao lado de outros casais LGBTQIA+, Carol e Jéssica oficializaram sua união. O evento reafirmou que afeto é um direito, algo que elas vivem todos os dias. Ser um casal lésbico já chama atenção, mas um casal em que uma das pessoas é trans atrai ainda mais olhares. Muitos assumem que são irmãs ou amigas, negando o amor que existe ali. Mas Carol faz questão de afirmar sempre que a Jéssica é sua esposa, sim. Para ela, isso precisa ser dito em voz alta. No fim, o amor que Carol e Jéssica compartilham ultrapassa qualquer olhar alheio. Elas sabem que a luta ainda é diária, mas vivem cada momento com a certeza de que escolheram construir um futuro onde possam ser livres. Porque mais do que resistir, elas existem, e existir com amor é um ato revolucionário. Compre o livro do ter.a.pia "A história do outro muda a gente" e se emocione com as histórias : https://amzn.to/3CGZkc5 Tenha acesso a histórias e conteúdos exclusivos do canal, seja um apoiador http://apoia.se/historiasdeterapia…
A Mariana e a Débora são amigas desde a infância, mas se tornaram mais próximas na faculdade. Após anos tentando engravidar, Débora descobriu um câncer de colo do útero que impossibilitava uma gestação. Mari, sabendo do sonho da Débora em se tornar mãe, não pensou duas vezes: ela se tornaria barriga solidária para realizar o sonho da amiga. Antes de se oferecer para gerar o bebê da amiga, Mariana acompanhou todas as fases da vida da Débora. Namoro, casamento, e depois, o luto silencioso pela maternidade que parecia ser um sonho impossível. Quando a Débora tentou fertilização in vitro com a irmã durante três tentativas, sem sucesso, Mariana e seu marido, decidiram oferecer ajuda. Eles iriam gestar o bebê da Débora. Por não serem parentes, elas precisaram de aprovação do Conselho Regional de Medicina e passaram por um processo burocrático necessário. Quando receberam a autorização, a transferência do embrião foi quase mágica. Mariana sentiu que daria certo, e 15 dias depois, o teste confirmou: Débora e o marido estavam grávidos! Desde o início, Mariana fez questão de reforçar que o bebê era de Débora. Nos exames, nas consultas, ela apenas acompanhava. Em 16 de outubro de 2023, Maria Júlia nasceu e junto nascia a mãe Débora. Hoje, as famílias seguem presentes uma na vida da outra. Maria Júlia cresce cercada de amor e carinho. Mariana se tornou madrinha da menina e reforça que apenas emprestou sua barriga. “Vi meus amigos sofrendo para ter um filho e, se eu podia ajudar, por que não faria isso?" O Oxxo é o parceiro que está apresentando a história da Mariana no podcast e, assim como ela tava ali para a Débora quando a amiga mais precisou, o Oxxo também está sempre pertinho para salvar a gente no dia a dia. Saiba mais em http:/instagram.com/oxxobrasil. O Histórias para ouvir lavando louça é um podcast do ter.a.pia apresentado por Alexandre Simone e Lucas Galdino. Para conhecer mais do ter.a.pia, acesse historiasdeterapia.com. Edição: Fábio Nariz Roteiro: Luigi Madormo…
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Histórias de ter.a.pia

Jacira cresceu acreditando que a vida podia ser diferente, mas encontrou barreiras que pareciam impossíveis de passar. O primeiro namoro veio cedo e com ele a violência. O cara passou a persegui-la, a ameaçá-la depois que ela negou se relacionar sexualmente com ele. Foi nessa época que Miguel apareceu em sua vida. Ele era amigo dos irmãos dela e um dia defendeu Jacira do namorado. Naquele momento, Miguel se tornou um príncipe. Com apenas 13 anos, ela decidiu se casar com ele, que tinha 17. Imaginava que o casamento traria liberdade, mas a realidade foi outra. Ele foi se tornando mais um peso, alguém que dependia dela para tudo. As mulheres ao seu redor tinham marcas no corpo, seus maridos tinham outras mulheres e Jacira passou a considerar isso normal. Seus sonhos não tinham espaço naquela realidade. Com 14 anos, Jacira já tinha 2 filhas. O pouco que ganhava mal cobria as necessidades básicas. Foi nessa época que encontrou alívio na música. Rita Lee, Bethânia... Elas cantavam, e Jacira pensava: se alguém canta, é porque existe. Ela queria existir também. Sem perceber, ela passou 8 anos naquela vida. Quando se deu conta, não tinha uma mesa inteira, nem fogão, nem cama. Só o essencial para sobreviver, seus 4 filhos e um casamento falido. Até que um dia ela disse: basta. Seguir sozinha não era algo fácil, mas não era impossível. Sua mãe também foi mãe solo. Outras tantas também eram. E ainda assim, o mundo seguia em frente. Algumas pessoas lhe diziam que precisava estudar, e foi o que ela fez. Terminou o ensino fundamental, correu para fazer enfermagem, se formou aos 30 anos. Foi assim que Jacira entendeu que o crescimento vem quando se deixa certas coisas para trás. Amigos que não agregam, relações que só sugam, casamentos ruins. Ela refletia todos os dias sobre o que fazia sentido. Sua vida nunca foi sobre sorte, mas sobre persistência. Sabia que não poderia pagar uma faculdade para os filhos, mas garantiria que eles nunca passassem fome. Com o tempo, sua casa foi tomando forma, se tornando o lar que ela merecia. Hoje, Jacira não pode ser rotulada apenas como a mãe de um cantor famoso. É mulher, escritora, alguém que construiu sua própria existência, apesar de todas as dificuldades. Sua vida não foi sobre esperar um príncipe, mas sobre aprender que ela mesma sempre foi a sua melhor salvação.…
Por medo do preconceito, o primeiro beijo em público que Dora deu em sua esposa, Silvia, foi no velório dela. Dora sempre viveu uma vida moldada pelas expectativas dos outros. Casou-se jovem, aos 19 anos, com um homem, e dessa união teve uma filha. Certo dia, uma mulher deu em cima dela. Foi nesse momento que Dora percebeu algo novo, uma sensação diferente. Antes mesmo de se separar do marido, Dora cedeu à curiosidade e ao desejo, vivendo sua primeira experiência com outra mulher. Foi libertador. Depois disso ela se separou. Algum tempo depois, em uma sala de bate-papo da UOL destinada a mulheres lésbicas, Dora conheceu Silvia, que usava o apelido Raio de Sol. Elas conversaram durante horas na madrugada, até trocarem telefones. Quando finalmente se encontraram pessoalmente, Dora sentiu seu coração disparar ao vê-la pela primeira vez. Desde aquele dia, nunca mais se separaram. Mas o medo do preconceito estava sempre presente. As duas andavam pelas ruas sem poder segurar as mãos, se diziam amigas. Dora sentia o peso de viver escondida. Apesar do medo, construíram uma história de amor que durou 13 anos. Silvia era o centro do mundo de Dora, mas o destino tinha outros planos. Certo dia, Dora recebeu a notícia que ninguém quer receber: Silvia havia desmaiado na escola onde trabalhava e não resistiu. O mundo desabou. O amor da sua vida havia partido sem aviso. No velório, cercada por amigos, colegas e familiares, Dora sentiu uma coragem que nunca tivera antes. Aproximou-se do caixão, olhou para Silvia e, pela primeira vez, beijou sua esposa em público. Naquele instante, não importava mais o que os outros pensassem. Era apenas ela e Silvia. Um beijo de despedida, mas também de libertação. A partida de Silvia trouxe reflexões profundas para Dora. Ela percebeu o quanto o medo havia limitado sua felicidade, o quanto deixara de viver plenamente por receio do julgamento alheio. Foi nesse momento que decidiu mudar. Aos 72 anos, Dora não esconde mais quem é. Diz com orgulho que é uma mulher lésbica e idosa. Hoje, ela vive livre e sem medo, inspirando todos ao seu redor com sua história.…
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Histórias de ter.a.pia

A Ana precisou de 14 anos para entender o trauma que passou após um grave acidente de ônibus. Ana nunca teve medo de andar de ônibus, mas naquela noite, a caminho da Festa Literária de Paraty acompanhada de uma amiga, ela não estava se sentindo bem. O pai da amiga, ao se despedir na rodoviária, pediu ao motorista para dirigir com cuidado, porque dentro daquele ônibus havia um "tesouro". Essa frase ecoaria na mente de Ana por anos. As duas tentaram sentar juntas, mas não conseguiram. Ana acabou ficando nos bancos do fundo. Na divisa entre São Paulo e Rio de Janeiro, o ônibus estava rápido demais. Quando chegou a uma curva, Ana sentiu o peso do veículo, as rodas saindo do chão e, antes que pudesse reagir, ouviu uma voz dentro de si: "Vai ficar tudo bem." O ônibus capotou. Tudo aconteceu em segundos e sua primeira reação foi procurar pela amiga, mas ninguém respondia. Um silêncio pesado tomou conta do ambiente. Ela conseguiu sair antes de todos e quando chegou lá fora, viu que o ônibus estava de cabeça para baixo, preso por uma estrutura de pedras que evitou que caísse ainda mais no barranco. 4 pessoas haviam morrido, incluindo uma criança de 7 anos. Sua amiga, Paula, estava viva. O corpo de Ana só começou a sentir dor na tarde do dia seguinte, no hospital, quando ela encontrou a mãe. Até então, sua energia foi dedicada a ajudar os outros, a entender o caos. Depois disso, o trauma foi engavetado, mas continuava lá. Durante uma sessão de terapia, 14 anos depois, Ana percebeu que nunca havia dado a si mesma o direito de sentir medo ou dor. Ana ainda carrega perguntas para as quais nunca terá respostas: "Por que eu sobrevivi e uma criança de sete anos não?" Mas, em vez de se perder nelas, escolheu encontrar propósito na dor e na memória. E talvez seja isso: a vida continua, mesmo quando parece impossível. Ana sobreviveu ao acidente, mas levou 14 anos para sobreviver ao trauma. E só agora, com coragem e compaixão, ela está construindo um caminho onde a dor não é apagada, mas transformada.…
Nascida na Venezuela, Dennys foi diagnosticada com câncer de colo de útero aos 26 anos. A doença trouxe não apenas o desafio de lutar pela própria vida, mas também expôs as enormes falhas do sistema de saúde em meio à crise que a Venezuela passa. Sem acesso a medicamentos e itens de higiene como sabão, Dennys enfrentava muitas dificuldades. Com uma bolsa de colostomia como resultado de uma cirurgia de emergência, ela dependia da solidariedade dos vizinhos para conseguir se manter limpa. Foi nesse contexto desesperador que sua mãe sugeriu algo impensável: vir para o Brasil. Com apenas as roupas do corpo e os papéis que comprovavam sua condição de saúde, Dennys partiu com a esperança de encontrar ajuda por aqui. Ao chegar na fronteira de Roraima com a Venezula, ela foi acolhida pela ACNUR, a Agência da ONU para Refugiados, e pela primeira vez em muito tempo, Dennys se sentiu protegida. Ela e sua família foram encaminhadas para um abrigo onde permaneceram por quase dois anos. A adaptação não foi fácil. Após anos sem trabalhar e com sua saúde ainda debilitada, Dennys não acreditava que seria capaz de recomeçar. Foi então que ela conheceu o programa Empoderando Refugiadas, voltado para a capacitação profissional e a integração no mercado de trabalho, e conseguiu uma vaga em São Paulo. Dennys começou a trabalhar em um shopping, que proporcionou a estabilidade que ela tanto buscava. “O que eu não recebi no meu país, recebi aqui: oportunidades, dignidade e respeito”. Suas filhas, agora com 19 anos, também participam do programa, criando um futuro melhor para a família. Hoje, Dennys vive com mais estabilidade, carregando consigo não apenas as cicatrizes do que enfrentou, mas também a certeza de que sua determinação e a solidariedade que encontrou pelo caminho transformaram sua história. Essa história foi contada em parceria com a Acnur. A Acnur junto a seus parceiros oferece ajuda financeira, proteção, abrigo e itens de emergência para pessoas em busca de proteção internacional. Compre o livro do ter.a.pia "A história do outro muda a gente" e se emocione com as histórias : https://amzn.to/3CGZkc5 Tenha acesso a histórias e conteúdos exclusivos do canal, seja um apoiador http://apoia.se/historiasdeterapia…
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Histórias de ter.a.pia

Lígia estava prestes a realizar o sonho de ser mãe quando sua vida mudou de forma inesperada. Quando ela entrou em trabalho de parto da sua primeira filha, a Laura, descobriu no ultrassom que o coraçãozinho da bebê não estava mais batendo. Quando a Lígia soube que estava grávida da Laura, seu mundo se encheu de expectativas. Sua gravidez foi tranquila. Cada ultrassom, cada mexida na barriga, trazia a alegria de imaginar o futuro. Já planejavam a escolinha, os passeios, os detalhes da nova vida a três. Com suas expectativas estilhaçadas, o choque foi tão grande que Lígia sequer compreendeu de imediato. Ela foi levada à sala de parto e, ao invés de dar à luz uma nova vida, viveu um dos momentos mais dolorosos de sua existência. Sem acolhimento, sem explicações, e com o coração despedaçado, Lígia ficou com Laura nos braços por um breve período. Não há fotos, apenas memórias que insistem em desaparecer com o tempo. O hospital não parecia preparado para lidar com o luto. Enquanto processava a morte da filha, era colocada em um corredor repleto de mães que ouviam o choro de seus bebês recém-nascidos. E, como se não bastasse, profissionais de saúde entravam no quarto com perguntas desconectadas da realidade: “Como está indo a amamentação?” Lígia foi submetida a uma cesariana e, por isso, não pôde ir ao velório da filha, e a partir daí o vazio tomou conta. Amigos e familiares evitavam falar de Laura, como se o silêncio pudesse apagar o que aconteceu. Para Lígia, era como se a vida de sua filha não tivesse existido. Essa ausência de espaço para falar sobre Laura só intensificava a dor. A depressão veio com força. Lígia se sentia presa entre o mundo que esperava que ela "superasse" a perda e a realidade de sua dor irreparável. Em um retiro de silêncio, percebeu que precisava de um espaço para falar sobre sua filha, para lembrar, para honrar sua existência. Foi dessa necessidade que nasceu a ideia do @institutolutoparental, um lugar onde mães e pais poderiam falar de seus filhos, independentemente das circunstâncias de suas partidas. O projeto começou pequeno, mas cresceu, acolhendo não apenas famílias, mas também profissionais de saúde, que muitas vezes não sabem como lidar com essas situações. A chegada de Gael, seu segundo filho, trouxe um novo medo, mas também renovou sua força. Quando ele nasceu, saudável, ela sentiu um alívio, mas nunca deixou de lembrar da filha. O instituto tornou-se um espaço onde ela podia ouvir o nome de Laura, compartilhar suas histórias e ajudar outras famílias a viverem seu luto de maneira plena e acolhida. Hoje, Lígia luta para que histórias como a de Laura sejam lembradas. Porque uma vida, mesmo que breve, merece ser honrada, e o luto de uma mãe ou pai deve ser respeitado. Compre o livro do ter.a.pia "A história do outro muda a gente" e se emocione com as histórias : https://amzn.to/3CGZkc5 Tenha acesso a histórias e conteúdos exclusivos do canal, seja um apoiador http://apoia.se/historiasdeterapia…
Jaqueline foi adotada aos seis anos e a família que a adotou resolveu devolvê-la aos 13. Isso só aconteceu porque nos anos 1980 eram comuns as “adoções à brasileira”. Não havia juízes, papéis ou burocracias: apenas a decisão de sua avó biológica, que não tinha mais condições de cuidar dela. A avó perguntou na igreja se alguém estaria disposto a adotar uma menina, e uma família se prontificou. A partir daquele momento, Jaqueline tinha um novo lar. Mas o que parecia ser um recomeço, logo revelou outra face. Ao invés de orientação, Jaqueline encontrou violência. Quando Jaqueline tinha dez anos ela foi levada para casa da sua irmã adotiva, que casou e engravidou, para ajudar com as tarefas domésticas. Depois de passar por uma experiência traumática na casa da irmã, Jaqueline foi culpabilizada e sua mãe decidiu devolvê-la, ao invés de protegê-la. Ela pegou Jaqueline e passou o dia procurando alguém que pudesse "ficar com ela". Assim começou uma dolorosa saga: meses em uma casa, depois em outra, sempre sentindo que era um peso. As dificuldades continuaram quando Jaqueline foi mandada ao Rio de Janeiro para "ajudar" em casas de outras pessoas. Sem salário, cuidando de crianças e sobrevivendo apenas com comida e abrigo, ela se sentia descartável. Os anos passaram e ela começou a pensar que a rua talvez fosse um lugar melhor: pelo menos ali, ninguém poderia abandoná-la novamente. Foi aos 20 anos que Jaqueline conheceu Jo, a conselheira da juventude da igreja. Ao ouvir sua história, Jo chorou, mas rapidamente tomou uma decisão: ofereceu-lhe um lar. Pela primeira vez, Jaqueline sentiu-se verdadeiramente acolhida. Jo colocou Jaqueline de volta nos trilhos: incentivou-a a estudar, ofereceu apoio emocional e a ajudou a encontrar seu primeiro emprego. 30 anos depois, Jaqueline ainda mora com Jo. Hoje, Jaqueline se dedica a uma causa muito especial: lutar pelos direitos das crianças e adolescentes. Sua história foi ressignificada, mas ela sabe que muitas outras continuam em curso. Ela escreveu um livro para espalhar sua mensagem e tem orgulho de quem se tornou. E é com essa força que Jaqueline segue em frente, determinada a fazer a diferença. Compre o livro do ter.a.pia "A história do outro muda a gente" e se emocione com as histórias : https://amzn.to/3CGZkc5 Tenha acesso a histórias e conteúdos exclusivos do canal, seja um apoiador http://apoia.se/historiasdeterapia…
Desde criança, Erasmo tinha o sonho que parecia ousado para os padrões da sociedade: ser pai por adoção. Enquanto as pessoas imaginavam famílias convencionais, ele dizia com firmeza que não queria se casar, mas sabia que poderia ser pai sozinho. Essa convicção o acompanhou pela vida e se fortaleceu na vida adulta, com sua participação em grupos de apoio à adoção. O momento que deu início a sua jornada começou de forma inesperada. Ele estava distraído, debruçado sobre a bancada, quando uma mensagem chegou em seu celular. Era a foto de Gustavo. "Esse é Gustavo. Sonha muito em ter uma família", dizia a mensagem. Naquele instante, algo dentro de Erasmo mudou. Seu processo de habilitação para adoção estava pausado, pois ele e sua família enfrentavam um momento difícil com o diagnóstico de câncer de seu pai. Mas, ao ver Gustavo, ele não teve dúvidas: pediu à sua comissária de justiça que reativasse o processo. O ano era 2020, em meio a pandemia, e as primeiras conversas com Gustavo foram por vídeo. Ele fazia questão de ser honesto, explicando que não era casado e que essa era uma escolha pessoal. Gustavo, por sua vez, aceitou isso de coração aberto. Quando finalmente se encontraram, Erasmo viu o menino descer a rampa com uma mochilinha nas costas, e ele não conteve as lágrimas. A vida ao lado de Gustavo trouxe novas experiências, mas também revelou um desejo que o garoto carregava: ter um irmão. Ele dizia que amava estar com o pai, mas se sentia sozinho. Certo dia, Erasmo viu, por acaso, um vídeo no Instagram do projeto Seja Pernambuco. Nele, um menino chamado Daniel, de 14 anos, dizia com serenidade: "Eu gostaria muito de uma família para me amar e para eu dar amor." As palavras tocaram Erasmo profundamente. Sem falar nada a Gustavo, ele entrou em contato com a assistente social responsável. Ao conhecer Daniel, a conexão foi imediata. Para sua surpresa, ao vê-lo pela primeira vez, Daniel o chamou de "pai" sem hesitar. "Pai, eu não vejo a hora de estar com vocês", dizia o menino durante as chamadas. Erasmo também aguardava ansiosamente o momento em que buscaria o filho caçula. A recepção foi calorosa, com a avó preparando comida e uma pequena celebração em família. Hoje, Gustavo e Daniel compartilham uma cumplicidade que comove quem os conhece. Nos sete meses desde que se tornaram irmãos ficaram muito conectados. Antes de sair de casa, fazem questão de se abraçar e dizer "eu te amo". Para Erasmo, isso é o reflexo do ambiente que sempre quis criar: cheio de afeto, carinho e presença. A decisão de adotar crianças mais velhas trouxe desafios. A sociedade muitas vezes insiste na ideia de que é melhor adotar crianças pequenas para "moldá-las". Mas Erasmo sabia que adaptação não é uma via de mão única. Ele se adaptou a Gustavo e Daniel tanto quanto eles se adaptaram a ele. Juntos, criaram uma família que valoriza cada "primeiro momento" — a primeira ida à praia, a primeira consulta no dentista. Ele acredita que esses momentos têm a mesma importância, independente da idade dos filhos. Erasmo também enfrentou preconceitos. Muitos questionaram sua capacidade de criar filhos sozinho, e até insinuaram maldades sobre sua relação com Gustavo. “A maldade está na cabeça de quem a diz, não na minha", ele rebate. Sempre ensinou aos filhos que amor e afeto não diminuem a masculinidade de ninguém. "Ser homem significa demonstrar amor, cuidado e respeito", ele afirma. Emocionado, Erasmo reflete sobre o impacto que Gustavo e Daniel tiveram em sua vida. "Eles fizeram muito mais por mim do que eu por eles. A sociedade pensa que adotar é caridade, mas a verdade é que eles me tornaram um homem melhor." E assim, com coragem e amor, Erasmo construiu uma família que desafia padrões, preconceitos e expectativas, mostrando que o que define um pai não é o sangue, mas o coração. Tenha acesso a histórias e conteúdos exclusivos do canal, seja um apoiador http://apoia.se/historiasdeterapia…
Gabriel sempre soube que era gago. Desde criança, ele enfrentou o julgamento silencioso e impaciente de quem ouve, mas não tem paciência para escutar. Na escola, ler em voz alta nas aulas era um pesadelo. Gabriel sofria por antecipação, esperando ansioso e tenso até chegar a sua vez, como se a cada segundo aumentasse a expectativa e o medo de “falhar” por conta da gagueira. A gagueira sempre o colocou numa posição delicada, especialmente quando ele descobriu que queria seguir na área de comunicação. Ele sentia que era constantemente empurrado a um papel de silêncio, de timidez, como se o mundo ao redor insistisse que pessoas como ele não deveriam falar, não deveriam se impor. Por sorte, Gabriel percebeu que sua gagueira era um desafio, mas não uma fraqueza. Ele faz questão de deixar claro que não precisa ser completado ou interrompido, porque sabe o que quer dizer e sabe como quer dizer. Ele sabe que muitos preferem ver vídeos prontos, onde não precisam lidar com a ansiedade de sua fala pausada. Até sua mãe, depois de assistir seus vídeos, admitiu que entendeu algo que antes não enxergava: a boa intenção dela, por vezes, se confundia com uma tentativa de “corrigi-lo”. No caminho de aceitação, Gabriel precisou superar não só os preconceitos externos, mas também o peso dos mitos que cercam a gagueira. A gagueira é, geralmente, genética e, em alguns casos, resultado de traumas, e cada pessoa que gagueja precisa encontrar seu próprio caminho de aceitação. Hoje, Gabriel está no auge de sua autocompreensão. Ele não busca mais uma “cura” para sua fala. Ele sabe que, na sociedade, o que foge da norma gera incômodo, mas, ao contrário do que muitos esperam, ele não quer se enquadrar. Ele entende que sua gagueira não o torna menos capaz. Na verdade, ela o torna uma voz importante para todos que compartilham dessa experiência. Afinal, todo mundo tem direito de falar e fazer sua voz ser respeitada. Compre o livro do ter.a.pia "A história do outro muda a gente" e se emocione com as histórias : https://amzn.to/3CGZkc5 Tenha acesso a histórias e conteúdos exclusivos do canal, seja um apoiador http://apoia.se/historiasdeterapia…
Lanna Holder e Rosania Rocha são pastoras, lésbicas e casadas, e desafiam os padrões dentro da comunidade religiosa. Lanna, missionária evangélica, passou anos pregando sobre "cura gay", já Rosania, por sua vez, era uma cantora gospel com uma jornada de vida igualmente profunda. Quando se conheceram, foi como se algo em ambas despertasse. Lanna, mesmo dedicada ao ministério, sentiu uma conexão imediata e inédita ao ver Rosania pela primeira vez. Elas sabiam que era algo especial, mas tentaram reprimir o que sentiam, orando e buscando apoio na igreja. Mesmo assim, o amor que nasceu entre as duas era forte demais para ser ignorado. O que começou com uma amizade cheia de carinho e compreensão se transformou em algo profundo e verdadeiro. O caminho não foi fácil; elas enfrentaram o preconceito, a rejeição e até perderam amigos e familiares. Mas, em meio à dor, Rosania voltou para estar ao lado de Lanna, oferecendo o apoio que ela precisava em um momento difícil. Juntas, elas encontraram a força para enfrentar tudo e perceberam que seu amor era, na verdade, uma bênção. A experiência que viveram as inspirou a fundar a Cidade Refúgio, uma igreja que acolhe com amor e respeito a todos, especialmente a comunidade LGBTQIA+. Elas acreditam que Deus as uniu para construir um espaço de fé e acolhimento, onde o julgamento não tem lugar e onde todos podem ser amados como são. Hoje, Lanna Holder e Rosania Rocha são pastoras e vivem seu amor com orgulho e fé. Elas continuam a compartilhar a mensagem de que Deus não vê diferenças e que há lugar para todos na igreja. Compre o livro do ter.a.pia "A história do outro muda a gente" e se emocione com as histórias : https://amzn.to/3CGZkc5 Tenha acesso a histórias e conteúdos exclusivos do canal, seja um apoiador http://apoia.se/historiasdeterapia…
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Histórias de ter.a.pia

Anderson tinha 3 anos quando começou a passar longos períodos internado em um hospital. A rotina era marcada por procedimentos médicos, exames e a solidão. Naquela época, não era permitido acompanhantes, mesmo com crianças, então quando as visitas da mãe terminavam, Anderson ficava sozinho. Sem acompanhante, sem uma distração que o tirasse do peso do que estava vivendo ali. Era um quarto vazio e muito silêncio. Anderson olhava para o teto e esperava a hora passar. Na época, as internações pediátricas não tinham palhaços, visitas inesperadas que mudassem o clima pesado. Era só ele, uma criança tentando entender aquele universo sem nenhum suporte além das visitas diárias da mãe e o possível que a equipe médica tentava fazer. Já adulto, ele conheceu o trabalho dos @doutoresdaalegria, um grupo de palhaços que visita hospitais para aliviar a tensão dos pacientes. Ele se reconheceu naquele trabalho, achou que talvez fosse sua vez de fazer pelo outro o que ele tanto sentiu falta. Fez o curso de palhaço e começou a atuar no Recife. Lá, ele aprendeu a colocar o nariz vermelho e a entrar nos quartos sem saber ao certo o que esperar — apenas que estava ali para oferecer algo que ele mesmo nunca teve. Quando Anderson voltou a São Paulo, foi designado justamente para o hospital onde passou a infância internado. Andando pelos corredores, ele reconheceu os espaços e lembrou das horas que passava ali sozinho. Voltar ali foi como ver a própria história de outro ângulo. Agora, ao entrar nos quartos, ele se vê naquela criança que ele foi um dia, no olhar assustado das crianças que ele encontra. Hoje, Anderson sabe que o que ele faz não apaga o que ele passou, mas ele percebe que essa experiência também lhe deu algo: uma compreensão verdadeira do que significa estar ali, esperando alguém que traga algo além de remédios. Ele é a presença que um dia ele mesmo quis ter. E cada sorriso que provoca é, ao mesmo tempo, para as crianças e para o menino que ele foi. A história do Anderson tá disponível no site historiasdeterapia.com/historias. O projeto Doutores da Alegria já ajudou mais de 2,5 milhões de pessoas em seus 30 anos de existência, mas devido ao número insuficiente de doações, as atividades nos hospitais de Pernambuco e Rio de Janeiro e em 80% das unidades de saúde de São Paulo foram interrompidas. Para que o projeto continue levando alegria, faça uma doação pelo pix socios@doutoresdaalegria.org.br ou pelo site doutoresdaalegria.org.br. #EspalheAlegria Compre o livro do ter.a.pia "A história do outro muda a gente" e se emocione com as histórias : https://amzn.to/3CGZkc5 Tenha acesso a histórias e conteúdos exclusivos do canal, seja um apoiador http://apoia.se/historiasdeterapia…
Jaqueline cresceu sem saber muito sobre suas raízes e só foi ter certeza de quem era sua família com a morte de um parente na TV, o caso do indígena Galdino, assassinado em Brasília. Ainda criança, Jaqueline fez uma pergunta que ficaria sem resposta por muitos anos: “Vó, a gente é índio?”. A avó reagiu apenas com um gesto: 🤫. Naquela época, ser indígena não era motivo de orgulho, mas de medo. Quando Jaqueline tinha apenas oito anos, sua mãe faleceu, e a família foi levada para a Bahia, para viver com sua avó. As lembranças desse período são marcantes: a casa simples de barro e palha, sem energia elétrica, e as lições de vida que a avó ensinava, mesmo sem saber ler ou escrever. Era uma vida simples, mas cheia de amor e partilha. Aos 15 anos, Jaqueline voltou para Ribeirão, mas o retorno foi doloroso. Na escola, a vergonha por suas origens a fez esconder quem ela realmente era. O pacto de silêncio da família sobre a identidade indígena pesava sobre ela, e Jaqueline respeitava isso. Não falava sobre o assunto. Tudo mudou em um domingo, quando seu pai pediu para ligarem a televisão. O que ela viu na tela mudou sua vida para sempre. Era o velório de Galdino Jesus dos Santos, um indígena assassinado em Brasília. Seu pai começou a apontar para a tela, reconhecendo rostos: “Essa é minha tia, esse é meu primo”. Foi naquele momento que Jaqueline soube que sua família era parte do povo Pataxó Hã Hã Hãe. Não havia mais como negar quem ela era. Jaqueline descobriu a história dolorosa de sua avó, que havia sido expulsa de suas terras por fazendeiros. O trauma de ser perseguida deixou marcas profundas, e sua avó optou por silenciar sobre seu passado. Em 2000, Jaqueline decidiu visitar a aldeia de Catarina Caramuru Paraguaçu. Foi lá que ela reencontrou seus tios e ouviu as histórias de luta pela terra, histórias de resistência e coragem. Foi lá que ela recebeu um documento do cacique, comprovando seu sangue indígena. Porém, a luta por reconhecimento continuava. Durante a pandemia, Jaqueline ouviu de uma enfermeira que não poderia tomar a vacina antecipadamente, como era liberado para pessoas indígenas, porque ela não “andava pelada”. Mas Jaqueline não se calou e passou a representar os indígenas da sua cidade, lutando para que sua família e outros fossem reconhecidos. Em 2024, ela viu um marco importante: foi inaugurado o primeiro posto de saúde com uma sala de referência para atendimento aos povos indígenas no ABC paulista. Hoje, Jaqueline carrega com orgulho a identidade que um dia foi motivo de silêncio e medo. Ela é Pataxó Hã Hã Hãe, e sua luta pelo reconhecimento indígena é o legado que sua avó lhe deixou. Compre o livro do ter.a.pia "A história do outro muda a gente" e se emocione com as histórias : https://amzn.to/3CGZkc5 Tenha acesso a histórias e conteúdos exclusivos do canal, seja um apoiador http://apoia.se/historiasdeterapia…
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